quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Resumo: Subdesenvolvimento e Desenvolvimento na Obra de Celso Furtado

Universidade de Brasília – UnB
Centro de Desenvolvimento Sustentável – CDS
Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Sustentável
Doutorado
Disciplina: Ciência e Gestão da Sustentabilidade
Professores: Elimar Nascimento, Thomas Ludewigs, Maurício Amazonas e Frederick Mértens.
Discente: Juliana Capra Maia
Resumo do Texto:
SAES, Flávio Azevedo Marques de. “Subdesenvolvimento e desenvolvimento na obra de Celso Furtado”, in CORSI, Francisco Luiz; CAMARGO, José Marangoni (organizadores). Celso Furtado: os desafios do desenvolvimento. São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Oficina Universitária, 2010.


O capítulo de Flávio Saes na coletânea de artigos a respeito de Celso Furtado (CORSI e CAMARGO, 2010) aborda o desenvolvimento, o subdesenvolvimento (dois conceitos elementares à teoria do economista da CEPAL) e sua relação com a industrialização. Afinal: a industrialização seria o caminho da superação do subdesenvolvimento e da pobreza?
Uma primeira leitura do clássico de 1959, “Formação Econômica do Brasil”, levaria a crer que a industrialização é o caminho para o desenvolvimento brasileiro. Afinal, o texto explica o processo histórico por meio do qual uma economia escravista e exportadora – de açúcar, de ouro e de café – se transformou em uma economia progressivamente industrial e dirigida ao mercado interno (configuração econômica que tende a reduzir a pobreza). Em 2005, entretanto, Celso Furtado afirmou que não concluíra “Formação Econômica do Brasil”. Afirmou que não acreditava que a industrialização da economia brasileira consistisse elemento suficiente para superar o nosso subdesenvolvimento. Informou que não revelou antes tais conclusões para que elas não minassem iniciativas bem intencionadas e com algum potencial, tais como a criação da SUDENE.
E por que a industrialização da economia brasileira não seria suficiente para nos levar ao desenvolvimento? Porque essa industrialização viria por meio da “modernização”, isto é, por meio da adoção de padrões de consumo sofisticados sem o correspondente processo de acumulação de capital e progresso nos métodos produtivos. Como resultado, de acordo com Furtado, a industrialização brasileira (“industrialização subdesenvolvida”) provocaria um aprofundamento da concentração de renda, bem como um acirramento da resistência política às mudanças que conduziriam à homogeneização social (até porque tais mudanças implicariam, necessariamente, alteração nos padrões de consumo).
Veja-se: para Furtado, desenvolvimento não é sinônimo de simples progresso técnico ou de aumento de capital.  O principal aspecto do desenvolvimento é a homogeneização social (p. 92), isto é, a eliminação da pobreza. Por seu lado, o subdesenvolvimento não é conceituado, pelo autor, como “uma etapa em direção ao desenvolvimento, mas sim como produto histórico da expansão do capitalismo industrial” (p. 92), caracterizado pela disparidade na produtividade entre áreas rurais e urbanas, relevante percentual da população vivendo em nível de subsistência fisiológica e massas crescentes de subempregados em zonas urbanas.
Então, é possível superar o subdesenvolvimento? Como? De acordo com o autor, sim. O subdesenvolvimento não seria uma sina, um destino que os países subdesenvolvidos teriam de carregar por todo o sempre. No capítulo ora resumido, são citados três casos de superação do subdesenvolvimento: China, Coréia do Sul e Taiwan. Nos casos das três economias, houve forte intervenção do Estado (sendo o caso chinês o mais extremo). Na Coréia do Sul e em Taiwan, os Estados Nacionais investiram na universalização da educação, na reforma agrária (retomada dos territórios ocupados pelo Japão até a 2ª. Guerra), em planos de desenvolvimento, em crédito indutor de investimentos e em busca de autonomia tecnológica.

Esse modelo, entretanto, seria inadequado para o Brasil. A uma, porque não há espaço para a centralização excessiva do Estado. A duas, porque já existe um processo de modernização bastante avançado. A três, em decorrência do já avançado processo de globalização. Então, qual caminho adotar? Indiscutivelmente, Furtado ressalta, é impossível superar o subdesenvolvimento pelo livre jogo das forças do mercado. O Brasil deveria buscar soluções criativas da sua cultura, a fim de mitigar a força do ciclo vicioso ditado pelos bens de consumo sofisticados produzidos nos países centrais.

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