quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Anotações em Seminário: Declaração de direitos de liberdade econômica - Debates sobre a MP 881/2019

Companhia Imobiliária de Brasília - Terracap
Diretoria Jurídica - DIJUR
Coordenação Jurídica - COJUR
Centro de Estudos e Suporte Técnico ao Jurídico - CESUT
Seminário: Declaração de direitos de liberdade econômica - Debates sobre a MP 881/2019



** Abertura >>
Min. Humberto Martins:
  • Direitos de liberdade econômica = Resgate do direito fundamental de liberdade dos indivíduos como dever de omissão do Estado. Dignidade da pessoa humana. Resgate do direito civil clássico. 
  • O Estado Brasileiro não criará obstáculos à liberdade econômica, exceto se as restrições que provocar estiverem embasadas em estudos (avaliação de impacto da regulamentação). 
  • Equilíbrio entre interesse público e interesses individuais. 
  • A MP visa propiciar o ambiente adequado ao crescimento econômico e à proliferação dos negócios privados no Brasil.

Dep. Jerônimo Goergen:
  • O seminário acontece na véspera da votação da MP 881/2019. 
  • Lei de grande relevância para o País. Feliz iniciativa do Poder Executivo. 
  • A MP 881/2019 recebeu mais de 300 emendas. O texto submetido à aprovação do Congresso Nacional buscou sintetizar e harmonizar os interesses.   
  • Ataque aos excessivos entraves burocráticos ao ambiente econômico no Brasil. Ataque à burocracia "de cima para baixo". 

Sen. Soraya Thronicke:
  • Conjunto de medidas para "destravar" a economia brasileira: Reforma Trabalhista, desburocratização e Reforma Tributária. 
  • "A pauta econômica tem que ficar de fora da pauta ideológica".

Dep. Marcos Pereira:
  • A MP 881/2019 festeja o princípio da boa-fé. A boa-fé dos empreendedores deve ser presumida. Ela só cessa com prova em contrário. 
  • Limites para a desconsideração da personalidade jurídica. 
  • Discussão: "autonomia irrestrita da vontade" versus "função social do contrato". 

Min. Paulo Guedes:
  • A MP 881/2019 visa tirar o Estado do "cangote" do cidadão. 
  • Digressão. O mundo conhece dois grandes sistemas de coordenação que funcionaram: as democracias (que coordenam o sistema político) e os mercados (que coordenam o sistema econômico). 
  • Democracia e economia de mercado são duas faces da mesma moeda. Esse é o "Caminho da Prosperidade" (contraponto ao "Caminho da Servidão", de Hayek). Outras soluções, impostas por ideologias, levaram à miséria e à instabilidade societal.
  • Trabalhar é um direito primário, básico. Não deveria ser preciso pedir autorização para empreender. 
  • Pilares do "Caminho da prosperidade": 
-- Empreendedorismo Livre; 
-- Segurança Jurídica; 
-- Limitação ao Poder do Estado. Contenção dos excessos. 
  • No Brasil, a constituição de sindicatos faz parte de uma cultura de privilégios. Sindicatos nasceram para assegurar os seus próprios benefícios, em regimes fechados, totalitários.
  • Economia estagnada. Regime político degenerado. Há algumas décadas, o Brasil era uma fronteira de crescimento do mundo. Hoje, expulsa talentos. 
  • Desde a CF/1988, experimentamos 30 anos de um modelo social-democrático que não funcionou. Agora, por opção da maioria do eleitorado brasileiro, é o momento da liberal-democracia. 
  • Dinamização do mercado >> Inclusão social. 

Min. Ricardo Villas Bôas Cueva:
  • A MP 881/2019 pretende ser um ponto de inflexão na ordem jurídica, política e econômica do Brasil. 
  • Rompimento de uma certa "prisão cognitiva".



** Painel 01 >> A MP 881/2019 e a conjuntura econômica

Min. Luís Felipe Salomão
  • Limites do liberalismo e limites da intervenção estatal. Debate mundial e muito amplo. 

Luciana Yeung - Insper
  • Para quê uma MP da liberdade econômica? Para dizer o óbvio.
  • Histórica intolerância com as atividades privadas no Brasil. Ambiente econômico hostil.
  • Os brasileiros são empreendedores. Contudo, ainda não acreditam que o empreendedorismo possa lhes gerar riqueza. 
  • Fetiche maniqueísta com a figura do Estado. Defesa incompreensível de estatais falidas. Defesa de medidas autoritárias tais como o monitoramento das atividades econômicas pelo Poder Público e tabelamento de preços. Crença na existência de "bens e serviços gratuitos".  
  • A MP 881/2019 vai "pegar"? Sob uma perspectiva liberal, o texto é cheio de obviedades. Contudo, ele enfrenta a tradição cartorial historicamente vigente Brasil. Propõe uma mudança radical nas relações jurídicas, especialmente no direito do trabalho e no direito do consumidor. 
  • Regulação excessiva das profissões e do exercício das atividades empresariais. O Brasil ainda não se desligou da cultura cartorial do Sec. XIX. Fixação por papéis, documentos e pressuposto de má-fé dos agentes econômicos.  
  • A MP 881/2019 funda-se na confiança como base das relações econômicas. Busca propiciar maior facilidade na abertura de empresas, na obtenção de alvarás de construção e no registro de títulos de propriedade. Promove liberdade quanto aos preços praticados pelas partes. 
  • Índice "Doing business". Mede empresas de capital médio, 100% nacional. 
  • Análise de Impacto Regulatório. Estudo para avaliar a pertinência da intervenção do Estado na seara econômica. Devem ser demonstrados os benefícios da regulação. O Reino Unido utilizou a AIR para rever as medidas governamentais de regulação das empresas.

Diogo Coutinho - Direito/USP
  • Premissas:
01: o Estado não é exógeno à economia. Ele é constitutivo da economia. Há um mito da primazia das transações de mercado "naturais" em detrimento da ação "artificial" do Estado.  
02: Desregular é regular de outra forma. Todos os mercados são regulados, de alguma forma. Regular ou desregular não são sinônimos de burocratizar ou desburocratizar.
  • "O Estado é o agente normativo e regulador da atividade econômica". Art. 174 da CF/88. Impõe-se um debate qualitativo sobre como e para que regular bem. A MP confunde desburocratização e desregulação, o que acaba enfraquecendo a regulação.  
  • Regulação abusiva:  
-- A MP estatui que a Administração Pública combaterá a regulação abusiva. Art. 12, I a XII da MP 881/2019: qualquer regulação de direito administrativo poderá ser acusada de abusiva. 
  • Riscos: 
-- Novas formas de burocratização. Quem vai dizer o que é abusivo? 
-- Questionável interferência da União na autonomia regulatória dos Estados, DF e Municípios. 
-- Inviabilização do CADE (autoridade antitruste). 
-- Contraditoriamente, a norma que previu a avaliação de impacto regulatório não passou, ela mesma, pela avaliação de impacto regulatório. 
  • CADE: 
-- Alteração da Lei n. 12.529/2011 para inserir uma infração à ordem econômica, qual seja, o abuso de regulação.  
-- Desvirtuamento do CADE como órgão de controle da Administração Pública. 
-- Criar mais burocracia em nome da desburocratização.
  • CONCLUSÕES: 
-- A MP 881/2019 está na contramão da lei das Agências Reguladoras. 
-- Falta debate público.

Marcos Lisboa - Insper
  • O Brasil cresce pouco. Menos que os emergentes. Menos que os ricos. Algo pós-1994 não funcionou. Desde 2010, nós estamos piores que nós mesmos. Por que o Brasil deu errado? 
  • Educação:  
-- Gasta-se 6% ao ano com educação. Gastamos mais com educação que todos os países emergentes. Mesmo assim, os indicadores do Ensino Médio retrocederam. 
-- Em outros termos, no Brasil, as crianças passam mais tempo na escola, sem aprender. 
-- Educação importa, mas não sabemos fazer.
  • Infraestrutura:  
-- Também é importante, mas também não conseguimos fazer.
  • Ambiente institucional:  
-- Maior inadimplência
-- Grande dificuldade de reaver as garantias (média de 4 anos). 
-- Regras e leis importam. Estabilidade do ambiente de negócios = segurança jurídica. "Nossa legislação está fazendo o Brasil pobre. A nossa jurisprudência está empobrecendo o país". Destruição do mercado de crédito. 
-- 60 X mais contencioso tributário que os outros países, o que corresponde a 12% do PIB.  
  • A MP 881/2019 é uma peça "híbrida": metade princípios, metade penduricalhos. Mal escrita. 
  • Agenda urgente para o Brasil: Direito <<>> Economia.




** Painel 02 >> A MP 881/2019 e a ordem constitucional
André Cyrino - Direito/UERJ
  • ADI 6656/2019 - PDT 
  • Eixos de ataque à MP 881/19:
-- Preenchimento ou não preenchimento dos requisitos de relevância e urgência, constitucionalmente previstos
-- Invasão de competências de outros entes federativos, pela União Federal. 
-- Alteração do modelo econômico abraçado pela CF/88. 
  • "Relevância" e "urgência" são conceitos abertos, a serem preenchidos pelo Presidente da República. 
  • Quanto à invasão de competências estaduais, municipais e distritais, cabe à União estatuir normas gerais de Direito Econômico. Pragmatismo federativo. 
  • A MP 881/2019 foi editada para proteger os pequenos, já que os grandes players têm recursos para lutar contra os abusos de regulação. 
  • O PDT arguiu que, na CF/88, há prevalência dos valores sociais sobre os direitos de liberdade. Desse modo, haveria uma opção constitucional por determinado modelo econômico (Liberal ou Social-democrata). O palestrante entende que esse argumento não procede. 
  • A MP 881/19 estatui uma possibilidade inicial de liberdade. Não se trata de uma visão exagerada de liberdade. 
  • A CF/88 autoriza maior ou menor intervenção do Estado na Economia, a depender da escolha das urnas. Não é uma Constituição dirigente. Ampla margem para direcionamento ante os alargados compromissos dilatórios.  

Paula Forgioni - Direito/USP
  • Necessidade de uma lei para dizer o óbvio, isto é, para reverberar os princípios de liberdade e de empreendedorismo.
  • Problema: contratos poderão ignorar matérias de ordem pública. Ocorre que no Estado Liberal também há controle da licitude dos contratos. 
  • A MP 881/2019 institui uma revogação tácita das leis protetivas. Todas as proteções estabelecidas em lei cairiam. É isso mesmo o que queremos? Queda de controle de licitude do objeto, por exemplo, vender um rim.  
  • Insegurança jurídica. O que é regra de Direito Comercial? Inclui o Direito Civil? A disciplina das obrigações é comum. 
  • Incoerência do sistema. O mercado é uma teia.

Paulo Uebel - Ministério da Economia
  • Relevância e urgência: desemprego da população brasileira. Imobilidade econômica. 
  • A CF/88 contempla em vários momentos o direito à liberdade.
-- Trabalhar é um direito inalienável do sujeito. Autorização do Estado só deve ser exigida se o trabalho ou a atividade econômica provocar riscos. 
-- O Poder Executivo cria milhares de exigências e requisitos que a lei não exige. Invasão de competências. Excesso de normas infralegais que violam a legalidade. Privilegiam as relações de patronagem.
  • MP 881/2019. Norma geral de Direito Econômico. Festeja a livre iniciativa e o direito ao trabalho. 
  • A regulação Estatal deve tratar diferentemente as atividades de baixo, médio e de alto risco. 
-- Todos os atos autorizativos terão prazos. Se ultrapassados, vigerá a presunção de boa-fé do cidadão e do empreendedor.
-- Resgate da confiança da população no Estado. Serviços de qualidade e regras claras com finalidade explícita.

João Accioly - Ministério da Economia
  • Ponto de inflexão: autodeterminação. "Administrado" versus "Particular" 
  • A MP 881/2019 desburocratiza todas as etapas da produção de riquezas. 
  • Em todas as etapas, a MP 881/2019 institui que o direito empresarial será aplicado subsidiariamente ao avençado. Interpretação: fronteiras do que é o direito empresarial. 
  • "Nenhuma norma de ordem pública de direito empresarial será invocada para beneficiar a parte que pactuou contra ela, exceto se para resguardar direitos da Administração ou de terceiros". 
  • Início do ciclo virtuoso: criação de um ambiente de confiança.
-- Sociedade limitada de sócio único, CC art. 1.502. 
-- Canalização da poupança para a atividade econômica produtiva. 
-- Desburocratização das Cias abertas pela CVM. Lei das SA, art. 264. 
-- Fundos de investimento. CC art. 138-C e seguintes. Condomínio especial regulamentado pela CVM. Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor - CDC. Opção de responsabilidade limitada. Segregação patrimonial. 
-- Respeito ao sistema existente e garantia de direito aos pactos.  
  • Desenvolvimento das atividades econômicas:
-- Garantias de que o pactuado será cumprido (pacta sunt servanda). 
-- CC. art 113. Interpretação voltada à vontade das partes, norma dispositiva. Intervenção mínima. 
-- Previsibilidade e limitação das perdas. CC. Art. 113. 
-- Insucesso da empresa. Despersonalização da personalidade jurídica. Redução das hipóteses de cabimento - Art. 49-A, 50. Em grupos econômicos, quem não participou da fraude será protegido.  

** Painel 03 >> Reflexos da MP 881 no Direito Privado
Ana Frazão - UnB
  • Readequação da relação entre Estado e Empresas/Mercado. 
  • No Brasil, há uma longa tradição de se favorecer um capitalismo sem riscos, dependente dos favores estatais. 
  • A MP 881/2019 aparece como Norma Geral de Direito Econômico e Empresarial. 
  • Art. 2º da MP 881/2019. Mantém a intervenção subsidiária de matérias de ordem pública no contrato. 
  • Tensão entre democracia e mercado; entre igualdade e liberdade. 
  • Direito Econômico >> Legislação antitruste. Ênfase excessiva na liberdade econômica, não havendo espaço para diálogo igualdade <<>> liberdade. 
  • Isolar liberdades econômicas no Brasil, um país tão desigual, é uma falácia. Um dos objetivos da República Federativa do Brasil é propiciar uma existência digna aos seus cidadãos. As soluções econômicas têm que abraçar a ordem constitucional, não o inverso. 
  • Desconsideração da personalidade jurídica. Reprimir abusos na banalização da personalização: 
-- Dolo
-- Culpa. Abuso de personalidade. 

Otávio Rodrigues - Direito/USP
  • A MP 881/2019 é uma honrosa tentativa de aprimorar o mercado e o Estado. Esforço legislativo para implementar uma decisão social e política.
  • Entre a redação original da MP 881/2019 e o Projeto de Lei de conversão apreciado no Parlamento houve diminuição dos princípios, o que é positivo, pois reduz a judicialização. 
  • A partir da MP 881/2019 há discussão integrada de temas de Direito Civil, Direito Processual Civil e Direito Econômico. 
  • Novos rumos do Direito Privado no Brasil: saldo positivo da MP 881/2009.
  • Dispositivos alterados no Projeto de Lei: 
-- Mudança do objeto. Retirou "Direito do Consumidor" do Art. 1º.
-- Art. 2º, IV. Reconhece a vulnerabilidade do particular diante do Estado. 
-- Art. 3º, V. Ajuste para referência expressa à autonomia privada. 
-- Art. 3º, VIII. Mantém a redação original, polêmica. 
-- Art. 3º, XII. Suprimido. 
-- Art. 3º, §§ 13, 14 e 15. Retira a referência aos "danos punitivos". 
-- Art. 50 do CC. Abuso de personalidade jurídica. Removida a expressão "dolosamente". 
-- Art. 13. Regras interpretativas do negócio jurídico. 
-- Art. 421. Liberdade contratual exercida nos limites da função social do contrato. 
-- Supressão de dispositivos sobre jogos e apostas. 

Gustavo Tepedino - Direito/UERJ
  • 1º grande mérito do legislador em relação à MP 881/2019: propiciar o debate.  
  • 2º grande mérito do legislador em relação à MP 881/2019: os avanços do projeto de lei de conversão da MP em relação ao texto original.
  • Problemas com o Direito Civil. 
-- Apesar de ser bem-vinda a tentativa de facilitar a simplificação da matéria, é necessidade maior cuidado semântico.
-- Também é bem-vinda a tentativa de prestigiar a livre iniciativa, mas o formato da MP agride conceitos básicos do Direto Civil. 
-- Art. 49-A. "A pessoa jurídica não se confunde com o seu sócio". Parágrafo único - Instrumento lícito de alocação de riscos.  
--  Art. 50. Autonomia patrimonial da pessoa jurídica. Detalhamento. Desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Retirada da expressão "utilização dolosa" do §3º do Art. 50. 
-- Danos punitivos: conceito retirado das referências da MP 881/2019.  
-- Art. 421. Aprimoramento da linguagem. A expressão "intervenção mínima" implica liberdade para alguém dizer o que vem a ser intervenção mínima. 
-- Art. 113. Preocupação em transcrever conceito doutrinário de "boa-fé" para o texto legal. A norma não deveria se preocupar com transcrição de doutrina.

Paulo Lucon - Direito/USP
  • A MP 881/2019 visa promover maior segurança jurídica. Consolida conceitos doutrinários e jurisprudenciais.
  • A crise da responsabilidade limitada no Brasil é uma das preocupações da MP 881/2019. 
  • Ônus, para a parte requerente, de afirmar necessidade de alegação específica de requisitos legais, a justificar a instauração de incidente de despersonalização da personalidade jurídica. Ônus de provar: 
-- Desvio de finalidade 
-- Confusão patrimonial
  • Efeitos esperados: redução da judicialização das relações empresariais.   

César Mattos - Ministério da Economia
  • Por que regular? Com a MP 881/2019, cabe ao Estado explicar os motivos de regular determinada matéria. Ônus do Estado. 
  • Abuso do poder regulatório em benefício de alguns: 
-- É recorrente a utilização da máquina estatal para beneficiar determinados grupos econômicos. 
-- Capitalismo de laços. 
  • O Art. 4º da MP 881/2019 prevê que é dever da Administração não incorrer em regulação que prejudique a livre concorrência. 
  • Vedações >>    
-- Criação de reservas de mercado.
-- Impedimento de entrada de novos competidores. 
-- Criar privilégios exclusivos. 
-- Exigir especificação técnica que não seja necessária. 
-- Restringir publicidade.
  • Análise de impacto regulatório (AIR) >> 
-- Razoabilidade do impacto econômico da regulação.
-- Instrumento de blindagem do cidadão contra a constante imposição de ônus.  
-- Não deve ser utilizada para manter o status quo de burocratas.
  • MP 881/2016 - Protege os mais pobres. 

Alexandre Aragão - Direito/UERJ
  • Análise de Impacto Regulatório (AIR) 
-- Antes de se editar uma norma, realizam-se estudos econométricos para tentar prever as consequências da quela proposta de norma. Exercício de "futurologia". 
-- Boas intenções, apenas, não bastam. 
-- Estudo prévio sobre medidas as serem tomadas. 
  • Roteiro da AIR: 
-- Identificar o problema.
-- Tentar identificar se no Ordenamento Jurídico já há instrumento par atingir os objetivos pretendidos. 
-- Levantamento de possíveis instrumentos par atingir os objetivos pretendidos. 
-- Diagnóstico: "entre os instrumentos levantados, qual gera menor ônus à liberdade das pessoas?". 
-- Esse instrumento vale à pena? Análise da relação custo X benefício. Melhores práticas. 
  • A AIR visa a legitimação do Direito pela realização dos seus objetivos. Ela não se confunde com consultas públicas, com notas técnicas ou com pareceres.
  • ETAPAS: 
-- AIR.
-- Tomada de contribuições. 
-- Audiência pública. 
  • AIR X Análise de Resultados >> A AIR ocorre antes; a análise de resultados, depois da norma editada. 
  • Acompanhamento de normas experimentais. Exemplo paradigmático: Pregão. 
  • Dentro da AIR serão apreciados impactos econômicos, impactos sociais e impactos a direitos. 
  • Art. 29, VIII. Risco à autonomia das Agências Reguladoras. 

Luciano Timm - Ministério da Justiça e Segurança Pública
  • O que muda na regulação? Em que isso contribui com a concorrência e o direito do consumidor? 
-- Desburocratização. Melhora do ambiente de negócios.
-- Livre iniciativa. Direito que antecede o Estado. 
-- Aumentar a livre iniciativa amplia as possibilidades de escolha e fortalece os consumidores. 
-- Uma regulação eficiente livra a economia da captura por interesses privados. 
  • Atualmente, o custo das transações é muito alto para os pequenos empreendedores. É diluído pelos grandes players
  • Indicação de leitura: Série Pensando o Direito. 
  • AIR: recomendação da OCDE. Ex ante e ex post
  • Se utilizada de modo arbitrário e desproporcional, a regulação pode gerar efeitos econômicos e políticos nefastos: aumento de preços, eliminação da concorrência e mesmo inviabilização de determinadas atividades econômicas (ex: leasing, financiamento bancário habitacional). 

Aline Klein - CF/OAB
  • MP 881/2019. Limitação do Poder de Polícia. 
  • Orientar interpretação e aplicar normas de diferentes matérias, inclusive da competência de distintos entes da Federação. 
  • E o que fazer com o amplo acervo já existente? 
-- Dever de compilação de todas medidas regulatórias. 
-- Toda regra regulatória deverá ser reavaliada a partir de uma análise de custo X benefício. Prazo da União Federal para a reavaliação: 4 anos. Prazo dos Estados para a reavaliação: 6 anos. Prazo dos municípios para a reavaliação: 8 anos. 
-- Prazo para a conclusão de processo administrativo. Se a Administração não responder? Decorrido o prazo e silente a Administração, reputa-se autorizada a providência solicitada pela parte. Problema: prazo não estabelecido na lei e que depende de regulamento.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Anotações em palestra: Resposta adequada à Constituição - RAC, Palestra com Lenio L. Streck

Companhia Imobiliária de Brasília - Terracap
Diretoria Jurídica - DIJUR
Coordenação Jurídica - COJUR
Centro de Estudos e Suporte Técnico ao Jurídico - CESUT
Programa de Capacitação da Diretoria Jurídica - Exercício 2019/2020
Hermenêutica Constitucuional
Palestra: RAC 
Palestrante: Prof. Dr. Lenio Luiz Streck, PhD.



** "Primeiro decido, depois fundamento" >> 

  • Interpretação como ato de vontade. Hans Kelsen, para quem o direito aplicado era mero exercício de poder.
  • Fundamentação como recurso meramente retórico.
  • Ruína do atual Direito brasileiro.
  • Erro fundamental. Dilema da ponte. Não é possível construir a ponte depois de tê-la atravessado. Para atravessar a ponte, é necessário que, primeiro, ela já exista. 



** RAC - Resposta adequada à Constituição >> 

  • Decisão juridicamente verdadeira. Critérios para as decisões judiciais. Decisão não equivale a escolha.
  • Caminho do meio. Distancia-se do Positivismo (ou das várias vertentes do Positivismo) porque contempla uma Teoria da Decisão.
  • Extremos: "Literalidade paleolítica" (objetivismo extremado) X "Voluntarismo" (subjetivismo).
  • O ativismo judicial é sempre pernicioso, dado que subverte o pressuposto elementar da ordem republicana, que é a separação dos poderes de decidir, executar e legislar.




** O edifício jurídico é construído pela moral, pela política e pela economia que harmonizam temporariamente as suas divergências para alcançarem um mínimo consenso (consensos iniciais). Depois de construído esse consenso, moral, política e economia se tornam predadores naturais do Direito. Cada uma dessas esferas perpetuamente tenta reconquistar os espaços que teve que ceder às demais, reformulando o pacto original em prol de seus interesses.

  • Moral, política e economia são predadores naturais do Direito. Mas são predadores externos. Mais perigosos são os seus predadores internos.

** Predadores internos do Direito >>  
Principlialistas. Derrubam a lei com um "princípio fofinho".  
  • Princípios são padrões estatuídos coletivamente e inspiram leis.   
  • Exemplos: 1) Utilização do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana para estender para 6 (seis) meses a Licença Paternidade, prevista na Lei 8.112/91; 2) Utilização do Princípio da Afetividade para suprimir dispositivos do Código Civil e permitir divisão de herança com o/a amante de de cujus, em vida, casado (a). 
Dualismo metodológico. "Voz das ruas" versus "Disposições legais". 
Livre convencimento e livre apreciação da prova. 
Sem prejuízo não há nulidade procedimental. A irregularidade de um procedimento estatal, em si mesma, configura um prejuízo.  


** Leis de Lenio >>  
  • Se a moral corrige o Direito, quem corrigirá a moral? 
  • A moral é que separou-se do Direito. 
  • Checar Dicionário de Hermenêutica de Streck. 


** Sugestão de leitura: "Uma interpretação não constrangida" >> 
  • Os nazistas vulgarizaram o Direito alemão, a partir de interpretações que admitiam franca interferência da moral. 
  • Aparelhamento do Direito pela política nazista.  
  • As interpretações frouxas têm permitido o fim das garantias processuais no Brasil.


** Condição hermenêutica de sentido >> 
  • Conceitos etéricos não podem fundamentar decisões ("voz das ruas", "interesse público"). 
  • Os significados utilizados no Direito devem ser limitados pelos conceitos da doutrina. 
  • Teste de veracidade dos argumentos jurídicos.
  

** Condições objetivas do direito >> Se a resposta a qualquer uma das questões for "NÃO", o julgador deve denegar a pretensão. Casos paradigmáticos: Home schooling e "Rolezinho".
  • Trata-se de um direito subjetivamente exigível ou de um direito fundamental? 
  • Essa decisão pode ser aplicada a todos? 
  • É lícito/legítimo transferir recursos daqueles que não serão beneficiados para aqueles que serão beneficiados pela decisão judicial? Aqui, trata-se do princípio básico da isonomia na distribuição de bens e recursos em determinada sociedade. Uma decisão judicial não pode, ao arrepio da lei, determinar a transferência de recursos de um grupo para outro. A lei pode fazer isso, mas a decisão judicial, não.


** Casos em que um julgador pode deixar de aplicar uma lei >> 
  • Inconstitucionalidade. 
  • Interpretação conforme. 
  • Nulidade parcial sem redução de texto.
  • Princípio que suspende uma regra. 
  • Resolução de antinomias.

Artigo publicado em periódico. De naturalista a militante: a trajetória de Rachel Carson

Universidade de Brasília - UnB Centro de Desenvolvimento Sustentável - CDS Centro Universitário de Brasília - Uniceub Faculdade de Direito P...