terça-feira, 6 de setembro de 2016

Esquema de leitura: A sociologia e o meio ambiente, Frederick Buttel

Universidade de Brasília - UnB
Centro de Desenvolvimento Sustentável - CDS
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável
Doutorado
Elaboração de trabalho final - Tese
Professor: José Luiz de Andrade Franco
Aluna: Juliana Capra Maia
Esquema de leitura: BUTTEL, Frederick H. A Sociologia e o meio ambiente: um caminho tortuoso rumo à ecologia humana. Perspectivas, São Paulo, 15: 69-94, 1992. Publicado originalmente em International Social Science Journal Environmental Awareness 109 - Brasil Blackwell, UNESCO, 1986. 


INTRODUÇÃO

** Sociologia Ocidental Moderna >>
- Por um lado, influenciada pelas imagens de desenvolvimento, evolução e adaptação de organismos; pelos conceitos trazidos da ecologia; pela adoção de metodologias oriundas das ciências biológicas e naturais.
- Por outro lado, foi construída a partir de reações contra a simplificação biológica (exemplo: darwinismo social, determinismo climático).

** A biologia ainda suscita emoções sociológicas. Exemplo: reação negativa ao Sociobiology, de Wilson: "Os poucos sociólogos que tentaram se identificar como sociobiólogos foram alvo de desprezo por parte dos demais membros da profissão" (p. 70).
- Ceticismo dos cientistas sociais, seja com o movimento ambientalista de massas, que surgiu na década de 1960, seja com o aparecimento da sociologia ambiental.
- Explicar o social apenas pelo social seria uma limitação das ciências sociais. As ciências sociais são eminentemente antropocêntricas. Luta tardia contra os fantasmas da biologia na sociologia e na antropologia.  
A expansão dos horizontes sociológicos, no entanto, está limitada pelo próprio fato de a sociologia ser uma ciência social com tendências antropocêntricas. O antropocentrismo apresenta aspectos tanto positivos quanto negativos. O ser humano, especialidade zoológica da sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. A sociologia não pode nem deve se tornar um ramo da ecologia comportamental. Mas o ser humano também é uma espécie entre muitas, e é uma parte integral da biosfera. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando se deixa de considerar o substrato ecológico e material da existência humana. (p. 70)

** Os seres humanos são existencialmente ambivalentes. Por um lado, os homens são animais que, como muitos outros, compõem a biosfera. Por outro lado, os homens são criadores de cultura. 
- Essa ambivalência do ser humano conduz à ambivalência das relações entre ciências sociais e biologia.

** Objeto do artigo >> análise das principais manifestações ambivalentes entre as ciências sociais e a biologia. Argumentos: 
- A sociologia ambiental ainda não provocou impacto expressivo na disciplina maior. 
- A sociologia ambiental, por seus impactos epistemológicos, deveria ser trazida ao centro do debate da sociologia.
- "Nova ecologia humana".


ANTECEDENTES CLÁSSICOS

** As ciências sociais são inóspitas no que se refere às pesquisas sociológicas de fundo ecológico. Herança dos autores clássicos que, na ânsia de cunhar uma nova disciplina, enfatizaram a "primazia sociológica nas explicações dos fenômenos sociais, negligenciando a incorporação de variáveis ecológicas em suas análises". P. 71.
- Marx, Durkheim e Weber reagiram às abordagens sociobiológicas, em voga no final do século XIX (biologismo de autores como Spencer e Darwin). Incorporação de variáveis ecológicas = TABU. 
** Ocorre que, em suas análises, todos os clássicos se dedicaram bastante a aspectos ecológicos, quer para utilizá-los como metáforas, quer para criticá-los. 
Augusto Comte e Herbert Spencer >> Lançam as bases do funcionalismo, dentro de um quadro de analogias orgânicas. Os autores (assim como Malthus, em quem o próprio Darwin se inspirou) transitavam bem pela literatura biológica então disponível.
- Augusto Comte. As analogias biológicas estavam na base da sua teoria social. A sociedade seria tal como um organismo vivo: "As instituições sociais (o Estado, a religião, a família, por exemplo) são para a sociedade o mesmo que os órgãos de um corpo, desempenhando cada um sua função em relação ao todo". P. 72. Influenciou Spencer, que também considerava a sociedade como um organismo vivo. Entretanto, enquanto Comte chama a atenção para o progresso como fonte de mudança social, Spencer chama a atenção para a seleção natural. 
- Karl Marx transformou os seus escritos em uma cruzada contra Malthus e Ricardo. Mas respeitava a teoria evolucionista, lançada por Darwin.
Marx, certamente, não descartava totalmente a validade da lógica biológica na teoria social (Parsons, 1977). De fato, Marx respeitava Darwin e chegou a pensar em dedicar-lhe o Das Kapital. A influência de Darwin foi significativa em Marx, em seus últimos trabalhos, e em Engels, especialmente. Ainda assim, Marx rejeitou a analogia biológica de que todas as partes do organismo social tinham funções iguais ou essencialmente tão importantes para a sobrevivência e evolução da sociedade. P. 73. 
Marx é, sem dúvida, o mais controvertido dos "sociólogos ambientais clássicos". O pensamento marxista tem sido freqüentemente utilizado por seus defensores para derrubar as idéias "neomalthusianas", como, por exemplo, o movimento ambiental ou noções dos limites ecológicos do crescimento [...]. Da mesma forma, críticos de Marx de orientação ambiental têm descartado seu pensamento com base em seu suposto antropocentrismo e crença no avanço das forças de produção no fornecimento de soluções técnicas a problemas ambientais e de recursos [...]. 
Essas interpretações do pensamento de Marx e Engels poderiam ter permanecido irrefutadas, não fosse a publicação de Marx and Engels on Ecology, de Howard L. Parsons (1977). No trabalho, Parsons situa o trabalho de Marx e Engels no contexto do pensamento social e biológico dos meados do século XIX, demonstrando o papel vital dos assuntos ligados aos recursos naturais na evolução da economia política marxista. Importantes rivais de Marx foram Malthus e Ricardo, que o levaram a adquirir uma considerável familiaridade com a pesquisa em ciência do solo e agronomia para o desenvolvimento de suas visões sobre população, locação do solo e economia dos recursos. P. 76. 
- Durkheim, embora tenha se empenhado em afastar a influência da biologia nas ciências sociais (em especial, da biologia de Spencer), caracterizou as sociedades como organismos (Divisão do Trabalho Social). 
Da mesma forma que Marx, Durkheim não descartou totalmente as noções evolucionistas: seu trabalho The Division of Labor in Society contém uma trama evolucionista na qual, sob certas condições, sociedades não-diferenciadas - caracterizadas pela solidariedade mecânica - evoluiriam em sociedades modernas com uma divisão de trabalho complexa, caracterizada pela solidariedade orgânica. Durkheim, no entanto, diferenciava o seu pensamento do de Spencer em três aspectos principais. Em primeiro lugar, rejeitava a postura individualista metodológica na qual o indivíduo é o centro da evolução e da seleção natural. Para Durkheim, o desenvolvimento da divisão do trabalho era um fato social a ser explicado por meio de fatores sociais (extra-individuais). Em segundo lugar, conforme já indicado anteriormente, Durkheim recusava a imagem simplista do movimento unilinear em direção ao progresso advogada por Spencer. Grande parte do The Division, de fato, foi dedicada às divisões de trabalho anômicas e forçadas, resultantes da crescente diferenciação sem o comparável desenvolvimento dos mecanismos de solidariedade orgânica. Em terceiro lugar, Durkheim fugiu do desenvolvimento de uma teoria global de mudança social e dos estágios de evolução que constituíam o ponto central do trabalho de Spencer. P. 73 e 74.
- Max Weber criticou o determinismo biológico dos evolucionistas, assim como o determinismo econômico dos marxistas. 
O papel mais marcante de Weber no debate sobre a biologia e sociedade na virada do século foi o de rejeitar as perspectivas evolucionistas na mudança social. Seus argumentos reiteradamente refletiam uma imagem da sociedade como um equilíbrio precário de forças, no qual nenhuma das forças em particular é, a priori, predominante. A direção da mudança não era imanente às estruturas sociais, mas sim formada por constelações de fatores históricos mutantes, em última análise enraizados em comportamento individual subjetivamente expressivo e em acidente histórico ou em conjectura. [...]. Weber também suspeitava de outras tentativas de se aplicar perspectivas evolutivas a temas históricos complexos. P. 74. 
"West acrescenta que a ecologia humana de Weber, em harmonia com o seu método histórico geral, baseia-se no fato de que "fatores ambientais não são determinantes universais, mas podem assumir relevância causal em conjunturas especiais nas histórias de certas sociedades" (1978, p. 27). Weber tratava os fatores ambientalistas como sendo componentes interativos dentro de modelos causais complexos, enfatizando que as influências ambientalistas "muitas vezes afetam sociedades complexas, favorecendo a 'sobrevivência seletiva' de algumas camadas sociais sobre outras" (West, 1978, p. 27)". P. 77.

A tradição clássica tem certos aspectos antropocêntricos e uma postura cética com relação ao biologismo. P. 77.


** Após as contribuições clássicas, a teoria social se despiu das variáveis biológicas ou ecológicas. Abordá-las tornou-se tabu. Contudo, as teorias sociais clássicas podem ser lidas como rejeição de uma certa forma, simplistade correlacionar variáveis ambientais e sociais.

** Ecologia Humana >>
- Universidade de Chicago (Robert Park e Ernest Burgess) e Universidade de Michigan. 
- Indiretamente impactada pela teoria social de Durkheim.
- Tratado: Human Ecology de Hawley (1950). Fixou as raízes da ecologia na morfologia social de Durkheim. Ainda nos anos 1950, a ecologia humana foi desacreditada e suplantada pelo funcionalismo de Talcott Parsons
- Após a crítica de Parsons, todos os esforços para reconstruir a ecologia humana nos moldes da "sociologia ambiental" foram sumariamente ignorados. Identificação entre a ecologia humana e o funcionalismo.




PROBLEMAS DA SOCIOLOGIA AMBIENTAL MODERNA

** Nos EUA, desde a década de 1980, a sociologia ambiental vem sendo reconhecida como especialização da sociologia. 
- Muito dos sociólogos ambientais não foram treinados como tais. Eram demógrafos, sociólogos rurais, sociólogos do desenvolvimento, psicólogos sociais, sociólogos urbanos, sociólogos políticos. Normalmente, eram pesquisadores independentes. 
- Referências: 
a) William R. Catton, Jr. e Riley E. Dunlap. The American Sociologist (1978). Citação: "as perspectivas teóricas ostensivamente diversas e concorrentes na sociologia são idênticas no tocante ao seu antropocentrismo comum" (p. 41). Logo, prosseguem sugerindo que "as numerosas perspectivas teóricas concorrentes na sociologia moderna - por exemplo, o funcionalismo, interacionismo simbólico, etnometodologia, teoria do conflito, marxismo etc. - tendem a exagerar suas diferenças entre si" (p. 42). Antes de ser "paradigmas por natureza", Catton e Dunlap consideram essas teorias como variações menores de um "paradigma" maior; "acreditamos que sua aparente diversidade não é tão importante quanto o antropocentrismo que orienta a todas elas". (p. 42, grifos no original).
b) Alian Schnaiberg. Treinado como ecologista humano na Universidade de Michigan. "A Síntese Social da Dialética Sociedade-Meio Ambiente" (1975). The Environment: From Surplus to Scarcity. Revisão do método marxista do materialismo histórico e na aplicação da literatura da sociologia política do neomarxismo e neoweberianismo aos problemas ambientais.

Visão antropocêntrica do mundo > paradigma da excepcionalidade humana

** Modelo PHE / NPA, de Catton e Dunlap. As premissas que apoiam tanto o PHE quanto o NPA não podem ser testadas, sendo elas "premissas genéricas do âmbito científico".
- PHE e NPA podem ser usados como crenças cognitivas expressas por ambientalistas e por segmentos do público em geral (o que corresponde aos meus tipos "biocentrismo" X "antropocentrismo"). Sugestão de indexadores. 
- Referências: 
(a) DUNLAP, R. E.. VAN LIERE, K. D. The New Environmental Paradigm: a proposed measuring instrument and preliminary results. Journal of Environmental Education, v. 9, p. 10-19, 1978. Indexadores. 
(b) COTGROVE, S. Catastrophe or Cornucopia, Chichester: Wiley, 1982. 
(c) CATTON JR., W. R. Overshoot: the ecological basis of revolutionary change. Urbana, Illinois: University of Illinois Press, 1980.

>> Premissas do paradigma da excepcionalidade humana - PHE (Catton & Dunlap, 1978, p. 42-3):
  • O ser humano é singular entre as criaturas da terra, pois tem uma cultura.
  • A cultura pode variar quase que infinitamente, podendo mudar muito mais rapidamente que as características biológicas.
  • Assim, muitas das diferenças humanas são socialmente induzidas e não inatas, podendo ser socialmente alteradas, eliminando-se diferenças inconvenientes.
  • Assim, também, a acumulação cultural significa que o progresso pode continuar sem limites, possibilitando em última análise a solução de todos os problemas sociais.
> Essas premissas teriam resultado na seguinte conclusão: A capacidade do meio ambiente é passível de aumento segundo a necessidade humana. Escassez é uma falácia.


>>> Novo paradigma ambiental - NPA: As sociedades humanas dependem dos ecossistemas em que estão assentadas (Catton & Dunlap, 1978, p. 45).
  • Os seres humanos são apenas uma das muitas espécies que de maneira interdependente estão envolvidas nas comunidades bióticas que moldam nossa vida social.
  • As complexas ligações entre causa e efeito e o feedback na trama da natureza produzem muitas conseqüências não-involuntárias a partir da ação social intencional. 
  • O mundo é finito, existindo assim limites potenciais físicos e biológicos que reprimem o crescimento econômico, o progresso social e outros fenômenos da sociedade.


Semelhança com os argumentos dos "ecologistas políticos" estado-unidenses (R. Carson, B. Commoner, P. Ehrlich, G. Hardin, entre outros).


>>> Críticas ao modelo PHE / NPA: 
"[...] se, conforme sugerido em trabalho anterior de Catton & Dunlap (1978), o NPA é uma novidade para os sociólogos modernos (e por dedução também para o público ocidental), como é possível que haja adesão suficiente às idéias do NPA, que possibilite demonstrar uma variação confiável nos indexadores atitudinais? Que estabilidade e expressão têm essas crenças para aqueles que responderam à pesquisa, ou para que as tivessem endossado nas pesquisas por amostra? Até que ponto existe uma mudança permanente de paradigma nas orientações cognitivas dos públicos de massa, e terá esta mudança força suficiente para provocar mudança social pró-ambiental no futuro?". P. 81.


** Schnaiberg >> Baseia a sua sociologia ambiental na economia política marxista, na sociologia política neomarxista e neoweberiana. Sociedades ecológicas e humanas possuem dinâmicas qualitativamente distintas, motivo pelo qual devem ser compreendidas a partir de conceitos distintos. "Dialética sociedade - meio ambiente" e a "rotina da produção".
- Dialética sociedade - meio ambiente. A expansão econômica das sociedades industriais avançadas deriva da interação de três forças: "1. a expansão econômica das sociedades requer inevitavelmente a maior exploração ambiental; 2. os maiores níveis de exploração ambiental levam invariavelmente a problemas ecológicos...; e 3. estes problemas ecológicos acarretam prováveis restrições à expansão econômica futura (1975, p. 5)". P. 82.
"A tese da dialética é: "o crescimento econômico é uma aspiração social"; ao passo que a da antítese é: "a ruptura ecológica é uma conseqüência inevitável da expansão econômica" (1975, p. 6). A solução da dialética é caracterizada por Schnaiberg em três "sínteses": a econômica, a da escassez planejada e a síntese ecológica. As três sínteses se colocam paralelamente aos cenários da direita, do centro e da esquerda dentro da análise posterior oferecida por Stretton (1976)". P. 82. 
> 3 sínteses possíveis: 
(a) Síntese econômica. Maximização do crescimento econômico sem o saneamento dos problemas ecológicos.
(b) Síntese da escassez planejada (ou síntese da escassez administrada). Modelo de organização do Estado, economia, ciência e tecnologia, no qual sempre existe algum controle da atividade social como forma de tratar os problemas ambientais urgentes. Foco nos problemas ambientais mais severos para permitir uma expansão econômica moderada.
(c) Síntese ecológica. Hipotética. Consistiria em grandes esforços empreendidos para a redução de destruição ambiental, viabilizados através de controles específicos das instituições produtivas e de consumo, especialmente dirigidas àquele objetivo. Nível de expansão econômica restrito ou reduzido, para que produção e consumo sejam sustentados a partir de recursos renováveis. Só terá espaço para existir quando as contradições entre expansão econômica e ruptura ambiental permitirem a criação de uma força política em seu favor.  


- Rotina da produção. Tendência do capital a se concentrar (política e economicamente) na formação de monopólios, o que gera custos ambientais e sociais. "[...] as decisões de investimento tomadas pelo capital no setor de monopólio tendem a ser concentradoras do capital, deslocadoras da mão-de-obra e dependentes dos subsídios públicos, para assumir custos de infra-estrutura e problemas sociais resultantes do crescimento" P. 83.
  • O Estado está dividido entre duas "missões" antagônicas: 1) criação de condições para a acumulação rentável do capital e; 2) incentivo à legitimação da paz social.
  • Rotina da produção >>> A resposta política aos problemas causados pela expansão econômica concentradora de capital tende a se expressar por meio de medidas de incentivo e de apoio à maior expansão. À medida em que a rotina da produção se desenrola, intensifica-se a ruptura ambiental. Por isso, periodicamente, há a ocorrência da escassez planejada que, por sua vez, é pressionada a retornar ao status quo ante, qual seja, à síntese econômica, dentro da qual a rotina da produção torna a se intensificar.    
"Ao mesmo tempo em que descreve a rotina da produção como um mecanismo complexo que se autofortifica, Schnaiberg não reconhece que ela tenha suas limitações ou contradições que a farão vulnerável e sujeita a reformas. Por exemplo, a trajetória da expansão econômica desde a Segunda Guerra Mundial resultou não apenas em problemas ecológicos, mas também, desde o meado da década de 1970, em uma crise aparentemente insolúvel de tensão fiscal do Estado e no desemprego estrutural em massa que ameaçam corroer a harmonia social". P. 84.
  • Como reverter a rotina da produção? Por meio da canalização do excedente da produção para atividades em direção contrária à da "rotina". Essa tarefa só se pode incumbir ao Estado. O Estado, por sua vez, só poderá executá-la na ocorrência de duas condições: crise de confiança na "rotina de produção" + apoio político para a produção fora da "rotina". 
  • O apoio político para a produção fora da "rotina" (por exemplo, uso de tecnologias limpas) se restringia à classe média. Para se tornar viável, deve atingir as classes trabalhadoras.

** Paralelos entre Catton-Dunlap e Schnaiberg >> 
  • A relação homem-meio ambiente, pelo menos no presente momento, tende ao desequilíbrio e a um processo auto-revigorante de ruptura ecológica, resultante da expansão econômica. Refutação da hipótese da "auto-regulagem" e da hipótese da "adaptabilidade das sociedades humanas".
  • Ambos defendem que a crise ecológica nos alerta para a necessidade de superar paradigmas. Para Catton-Dunlap, trata-se do paradigma da excepcionalidade humana; para Schnaiberg, o paradigma da "rotina de produção".



ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE O FUTURO DA SOCIOLOGIA AMBIENTAL

** Apesar de ser impotente para redirecionar a sociologia geral, a sociologia ambiental já começou a amadurecer, tendo à sua frente uma gama de idéias e abordagens desafiadoras, e fornecerão estímulo para investigações criativas. Assuntos da sociologia geral que interessam à sociologia ambiental:

1. o "pós-industrialismo" e a economia de serviços; 
2. a economia política da crise econômica e o Estado; 
3. a análise do "curso da vida" e a "nova economia doméstica";  
4. a crescente popularidade da pesquisa histórica comparada.



CONCLUSÃO: O CAMINHO TORTUOSO RUMO À ECOLOGIA HUMANA 

** O artigo buscou contextualizar o "estado da arte" da sociologia ambiental no pensamento social ocidental.

  • Dualidade social e ecológica da espécie humana (tema antigo no pensamento ocidental).
  • A sociologia ambiental poderá iniciar um novo capítulo nos debates entre biologia e ciências sociais: a disciplina já iniciou a tomada de posição sobre a qual as análises de fundo ecológico poderão ser realizadas sem que se negue a validade da perspectiva sociológica.
  • Dificuldade prevista: barreiras de comunicação entre as diversas especializações da sociologia. 

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