sábado, 6 de setembro de 2014

Ficha de Leitura: PEET, Richard; HARTWICK, Elaine. Theories of development, capítulo 3

Universidade de Brasília – UnB
Centro de Desenvolvimento Sustentável – CDS
Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Sustentável
Professores: Elimar Nascimento, Maurício Amazonas, Frederick Mértens e Thomas Ludwigs.
Discente: Juliana Capra Maia
Ficha de Leitura:
PEET, Richard; HARTWICK, Elaine. Theories of development: contentions, arguments, alternatives. 2aEdição, New York, The Guilford Press, 2009, capítulo 03.


From Keynesian Economics to Neoliberalism


A harmonia das relações econômicas apregoada pela Economia Neoclássica foi questionada por Thorstein Veblen (1857–1929):
a) Conflitos entre três culturas diferentes: a que rege os processos mecânicos, a que rege os negócios e a que rege a guerra ou as crenças predatórias. 
b) Desejo por maiores ganhos implicam, por vezes, desemprego, aumento de preços e atraso na implantação de inovações socialmente relevantes. 
c) O endividamento na origem do negócio, antecipando os ganhos, gera um ciclo de expansão e retração que permite às empresas maiores devorar as menores, eliminando a potencial concorrência.


Análises Dinâmicas

Escola Histórica
Alemanha. Baseada na tradição filosófica historicista alemã.
Empírica. Crítica à tradução dedutiva da Economia Clássica e Neoclássica.
Wilhelm Roscher, Bruno Hildebrand, Karl Knies e Gustav Schmoller.
Unidade entre a vida social e econômica e pluralidade de motivações para a ação humana. Seria ingênuo o pressuposto, da Economia Clássica e Neoclássica, de que todos os homens agiriam em prol de interesses egoísticos. 
Dificuldade de equilíbrio entre oferta e demanda nas sociedades complexas, causando crises econômicas (por falta de demanda ou falta de consumo).
Ênfase na instabilidade resultante de fatores psicológicos nos processos econômicos.


Joseph Schumpeter
Influenciado pela Escola Histórica e pelo Marxismo, mas treinado na Escola Austríaca.
Combinou os approaches das escolas econômicas a partir de uma perspectiva das ciências naturais.
Para Schumpeter, a Economia Clássica teria realizado uma bem sucedida análise estática, unindo ordem e previsibilidade. Entretanto, o maior desafio da disciplina seria lidar com as mudanças econômicas, situações em que o equilíbrio e a previsibilidade não existem.
Modelo schumpeteriano: inúmeras variáveis constituindo o ciclo dinâmico da vida econômica. 
Schumpeter não se preocupava com as pequenas alterações, que não comprometiam a integridade do ciclo, mas sim com os grandes movimentos, cujo ímpeto nascera da própria economia e cujos efeitos alteraram o ponto de equilíbrio.
Para Schumpeter, esses movimentos – denominados “destruição criativa” – vinham da produção (novas combinações entre forças e materiais), não do consumo:
a) Introdução de um bem substancialmente diferente; 
b) Introdução de um método de produção não testado; 
c) Abertura de um novo mercado; 
d) Conquista de novos sistemas de fornecimento de matéria prima ou de bens semiacabados. 
e) Nova organização da produção (Ex. monopólio).
E quem seria o motor desses movimentos? Os empreendedores, espécie de homem guiado mais pela vontade e pela criatividade que pela inteligência ou racionalidade instrumental. Noutros termos, a economia teria que lidar com esses fatores psicológicos (espécie de carisma).
O investimento em inovação, para Schumpeter, não viria da poupança, mas do empréstimo. O desenvolvimento advindo da inovação seria descontínuo, não mero resultado de ciclos econômicos equilibrados pelo binômio “oferta X procura”.
In this view, economic change is not the result of slow movement from one equilibrium to another but rather is driven by the pursuit of the quasi-monopolistic profits that accrue to innovators. Economic change is propelled by the succession of technologies and practices that destroy old, inefficient arrangements as newer, more efficient, ones are created. Pp. 55. 


Economia Keynesiana

John Maynard Keynes 
Críticas à economia clássica e neoclássica:
a) Desemprego “voluntário”; 
b) Harmonia do mercado por meio do equilíbrio entre oferta e demanda;
Investimento em infraestrutura (fábricas, ferramentas, maquinário) seria a variável crucial da economia. O aumento dos investimentos alimentaria outras áreas da economia, expandindo-a. 
O investimento, entretanto, resulta de decisões assumidas por empresários mediante avaliação das condições de risco. Essas decisões sempre dependerão de comparações entre os juros pagos pelo mercado financeiro e os lucros esperados no momento (i.e, expectativa).
O Estado participa da regulação da economia:
a) Incentivando ou desincentivando a propensão marginal ao consumo, mediante controle das taxas de juros básicas da economia; 
b) Mediante política fiscal: o gasto público é essencial para a manutenção da economia. 
c) Apontou o “efeito manada” nos mercados financeiros.
New Deal e militarização das nações envolvidas na Segunda Guerra Mundial: colocaram um fim na crise de 1929 e serviram como modelo da reconstrução do Ocidente. Pleno emprego e bem estar social.
Europa: Social Democrata e Socialista; EUA: nunca foram propriamente socialdemocratas (manutenção das altas taxas de crescimento por meio de gastos militares, não por meios de gastos em bem-estar social).


Roy Harrod e Evsey Domar
Pós Segunda Guerra.
Foco no crescimento econômico.
Modelo Harrod–Domar >>> poupança do povo ou do Estado (inclusive superávit primário) implica investimentos para o crescimento da economia que, por sua vez, implica o crescimento econômico. 
A chave do crescimento econômico é expandir o nível de investimentos em termos de capital fixo e humano. Para tanto, o Estado deve incentivar a poupança e o avanço tecnológico (para que as empresas possam produzir mais com menos capital).
O caminho do crescimento econômico é instável e essas instabilidades tendem a ser agravadas, não corrigidas pela “mão invisível do mercado” >>> Nada garante que o aumento do número de trabalhadores corresponderá ao aumento dos investimentos (e, portanto, do número de empregos). Nada garante, igualmente, que o aumento da produção será acompanhado do aumento do consumo.


Robert Solow
Crítica ao modelo Harrod–Domar.
Ataque à explicação keynesiana, segundo a qual crescimento implica instabilidade econômica.
Exceto durante a Grande Depressão, a economia mundial não andou “sob o fio da navalha”. 
A razão entre capital e trabalho é uma constante. Trata-se de um mecanismo de auto ajuste do mercado: Se uma empresa tem excesso de capital, ela investirá em tecnologia para precisar de menos trabalho. 
A longo prazo, o progresso tecnológico é o motor do crescimento econômico.
The source of economic progress is ideas. New growth theory tries to make sense of the shift from a resource-based economy to a knowledge based economy. Higher living standards result from steadily improving knowledge of how to produce more and better goods and services with ever smaller amounts of physical resources. No amount of savings and investment, no policy of macroeconomic fine-tuning, and no set of tax and spending incentives can generate sustained economic growth unless they are accompanied by the countless large and small discoveries that are required to create more value from a fixed set of natural resources (Romer 1993: 345) P. 61 e 62.

Estratégias a serem adotadas pelos governos:
a) As estratégias econômicas devem focar na criação de novos saberes nas universidades, laboratórios e nos negócios; 
b) Estados e comunidades são capazes de influenciar seus destinos econômicos; 
c) A possibilidade de crescimento futuro depende, largamente, da base corrente de expertise e conhecimento, base que as comunidades devem se esforçar para aumentar; 
d) Ideias de todos os tipos são relevantes para o crescimento econômico: seja do empregado do chão de fábrica, seja do cientista na universidade;
e) O crescimento econômico com base no saber estimula um ciclo virtuoso de mais saber e mais crescimento econômico.

O Estado Desenvolvimentista
Modelo japonês.
Estado fortemente ativo no investimento em infraestrutura.
Burocracia estatal composta pelos melhores estudantes do país e comprometida com o crescimento econômico.
Subsídio de matérias primas; isenções fiscais; incentivos econômicos para setores “chave”.
Investimento estrangeiro: restrito.
Controle da entrada de produtos-chave na economia nacional.


O Estruturalismo e o modelo de substituição de importações
CEPAL
Insistia na especificidade das economias do Terceiro Mundo, sendo inaplicáveis, portanto, as prescrições da economia clássica e neoclássica. A produção agrícola em latifúndios, por exemplo, seria mais ou menos opaca aos mecanismos de mercado.
Inflação >>> Entre 1940/1960, diversas economias sul-americanas sofreram com movimentos inflacionários anuais de 80% a 100%. As soluções-padrão não surtiram efeitos. Como solução para a inflação, os estruturalistas sugeriam reforma agrária, substituição de importações, investimentos em educação e aperfeiçoamento dos mecanismos fiscais. 
Teoria do Mercado. Tese Singer–Prebisch. As economias latino-americanas se especializaram em exportação de produtos primários, tais como algodão, café e trigo. Essa especialização na produção agroexportadora de produtos brutos as colocou na periferia da economia global e seria a maior responsável por sua estagnação econômica. 
Solução: mudança estrutural da economia das nações do Terceiro Mundo, com o desenvolvimento de uma indústria local (substituição de importações).
Estado >>> criação de barreiras tributárias à importação; controle do câmbio; criação de empresas estatais; crédito barato para setores estratégicos e preferência na importação de bens de capital.
A partir da segunda metade dos anos 50, o Brasil experimentou significativo aumento da participação da indústria na sua economia. O governo brasileiro enfocou indústrias consideradas básicas para o crescimento econômico: automobilística, cimento, aço, alumínio, celulose, maquinaria pesada e indústria química.
A política de substituição de importações passou a ser desacreditada diante do seu alto custo, baixa qualidade e da negligência ao setor agroexportador. Entretanto, as taxas de industrialização nos países de Terceiro Mundo não teriam sido alcançadas em um ambiente liberal típico.
The main structuralist point was that neoclassical economics was not a universal science, that the price system varied in effectiveness over space, and that a new type of economics had to be developed for the Third World. In general, structuralist economics argued that developing countries had features that set them apart from the economies theorized by orthodox economics. These features included high levels of rural unemployment, low levels of industrialization, more obstacles to industrialization, and disadvantages in international trade. P. 68.


Economia do Desenvolvimento: Crescimento equilibrado e crescimento desequilibrado
Anos 1950. Focada nas nações em desenvolvimento. 
Fundada na Grã-Bretanha, após a Segunda Grande Guerra.
Economia do Desenvolvimento: diferente do Neoclassicismo e do Keynesianismo.
Híbrido entre ideias estruturalistas, neoclássicas e keynesianas, voltadas sobretudo para a práxis.
Assumiam que o processo econômico das nações em desenvolvimento era distinto daquele das nações desenvolvidas (na mesma linha do que argumentaram os estruturalistas).
Paul Rosenstein-Rodan >>> “The big push theory”. Tarefa do Estado: treinar exércitos de trabalhadores para a indústria (1 milhão por ano). Investir em diversos setores ao mesmo tempo, criando mercados entre eles. Leste Europeu.
Albert Hirschman >>> O desenvolvimento era fundado no desequilíbrio e seria papel do Estado manter esse desequilíbrio. Enfatizou a necessidade de mecanismos de indução à industrialização. A industrialização de determinados setores líderes conduziria à industrialização de toda a economia. Deficiência das nações de Terceiro Mundo: empreendedorismo.
Gunnar Myrdal >>> Causação circular e cumulativa. Aplicada a processos de crescimento econômico, as forças do Mercado acabam aprofundando as diferenças regionais, enriquecendo os ricos e empobrecendo os pobres. Sob tal aspecto, o mercado internacional se transforma no meio pelo qual a economia acaba reforçando esse resultado de aprofundamento das desigualdades.
François Perroux >>> O desenvolvimento ocorre em polos, isto é, de forma desigual. É fruto do desequilíbrio e da dominação. Entre 1965 e 1975, essas conclusões levaram à deliberada formação de polos industriais em regiões pobres. “The growth-pole strategy typically focused investment at a limited number of locations (usually as part of a deliberate effort to modify a regional spatial structure) in an attempt to encourage economic activity and thereby raise levels of income and welfare within a region”. P. 73. 
Allan Pred >>> Geografia econômica. Por que algumas cidades crescem mais rapidamente e a custa de outras? A formação de clusters econômicos em determinada localização geográfica tende a atrair novas atividades econômicas. Com o aprofundamento desse fenômeno, forma-se uma hierarquia entre as cidades, hierarquia alimentada pelo intercâmbio de informações entre elas. 
Paul Krugman >>> Nova Geografia Econômica (outros: Michael Porter e Anthony Venables). Anos 90. Uma vez que determinada economia se especializa em determinada produção, existiria uma tendência de que permanecesse dependente desse caminho. Em outros termos, a história é economicamente relevante. “Note that the Krugman model differs from that of new growth theory discussed earlier; whereas Krugman thinks that the original cause of growth in a place is relatively unimportant, emphasizing path dependence instead (that is, momentum that keeps on going), Romer stresses the role of ideas in starting and continuing a local growth process”. P. 74. 


Uma contra-revolução na Economia do Desenvolvimento
1970 e 1980
Reação neoliberal ao keynesianismo. Ficou mais popular nos anos 80, com a ascensão de políticos conservadores na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos e na Alemanha.
Harry Johnson (1923–1977) >>> Crítica às ideias de Keynes. O capitalismo não produziria ciclos de crise. A crise de 29 foi provocada por razões diversas, e não por uma crise “endógena” ao capitalismo. Os modelos desenvolvimentistas praticados nos países de Terceiro Mundo foram mais prejudiciais que favoráveis às suas economias: fomentaram a corrupção, a ineficiência e déficits na balança comercial.
P. T. Bauer >>> A economia do desenvolvimento não estaria apenas errada, seria moralmente corrupta. Diversos de seus pressupostos careceriam de evidências empíricas:
1) o ciclo vicioso da pobreza;  
2) a alegação de que as nações ricas causaram a pobreza das nações pobres;  
3) a alegação de que o comércio das nações pobres declinou no último século;  
4) a insistência do supostamente necessário planejamento centralizado e da supostamente necessária ajuda financeira internacional;  
5) o pressuposto de que todos os homens são igualmente dotados de competências econômicas. A redução da pobreza nos países de Terceiro Mundo não demandaria altos investimentos em pessoas e em capital. Dinheiro e suporte técnico internacional seriam suficientes. 
Deepak Lal >>> A Economia do Desenvolvimento teria pervertido os princípios econômicos, tais como a eficiência do livre mercado e dos mecanismos de preço. Também teria se enganado ao postular que as economias do Terceiro Mundo seriam casos “atípicos”, que não estariam ao alcance da Economia Clássica. Era contrário a todos os controles estatais sobre a economia.  


Crise na Economia Keynesiana
Anos 60 e 70: a produtividade caiu e a inflação aumentou. 
“Estagflação”: Altos índices de desemprego, combinados com alta taxa de inflação e baixa produtividade.
Elites preocupadas com movimentos hippies, black power, feministas. Tais radicalismos políticos seriam “culpa” do “Estado-Babá” (Welfare, característico das políticas keynesianas). Ou seja, o movimento político à direita, em prol da Lei e da Ordem, resultou, no campo econômico, em críticas ao keynesianismo.
Causas diretas da “estagflação”, de acordo com o autor: aumento brusco e agudo dos preços do óleo bruto pelos países da OPEP; geração dos baby-bommers lançada ao mercado de trabalho.  
Apesar das críticas dos neoliberais, a estagflação foi solucionada por meio de políticas keynesianas: déficit fiscal para impulsionar a economia.


Neoliberalismo
Discussão teórica das escolas austríaca (formalista, matemática) e alemã (historicista, empirista), no fim do século XX e início do século XXI.
Ludwig von Mises (1881–1973): verdadeiro fundador da doutrina neoliberal. 
a) A ideologia socialista seria uma ameaça às sociedades ocidentais. Os postulados liberais, entretanto, seriam suficientes para garantir a liberdade no ocidente. 
b) Pressuposto: o egoísmo natural dos indivíduos (Hume, Hobbes), que seguem a lei porque percebem que há vantagens na sociabilidade que não poderiam ser encontradas na vida isolada.  
c) Existiria harmonia (e não conflito) entre consumidores, empresários, gerentes e empregados. 
d) O socialismo e o intervencionismo estatal não seriam economicamente viáveis (impossibilidade de efetuar o “cálculo econômico”). 
Friedrich von Hayek (1899–1992): aluno de Ludwig von Mises. Professor da London School of Economics (1931 a 1950), da Universidade de Chicago (1950 a 1961) e da Freiburg University (até 1992). Mentor da Mont Pelerin Society. Mentor de Margareth Thatcher. 
a) Uma economia não pode ser desenhada, calculada, prevista. Ela emerge espontaneamente de uma complexa teia de interações entre agentes com limitado conhecimento. 
b) Nascimento da civilização << >> Nascimento da propriedade privada. 
c) Papel central do Estado: manter a força da lei, com o mínimo possível de intervenção no domínio econômico. 
d) O Caminho da Servidão, 1944  >>> “Fascistas e socialistas acreditavam que a vida econômica deveria ser conscientemente direcionada e que o planejamento econômico deveria substituir o sistema competitivo. Mas para alcançar essas finalidades, os planejadores tinham de criar concentrações e categorias de poder de magnitudes jamais vistas. A democracia era um obstáculo à supressão das liberdades inerentes a essa concentração de poder. Portanto, planejamento e democracia seriam antitéticos”. P. 81. Em uma ordem competitiva, nem um milionário consegue exercer uma fração do poder conferido a um burocrata de uma sociedade planificada. Exercer oposição onde o único empregador é o Estado implica morrer de fome. 
Milton Friedman (1912–2006). “Monetaristas”. 
a) Mentor de Ronald Reagan. 
b) Conexão entre inflação e quantidade de moeda disponível na economia.  
c) O principal papel do Estado na economia seria ajustar as taxas de juros.  
d) Há milhares de empreendedores em potencial nos países subdesenvolvidos. Tudo o que eles precisam é um ambiente favorável para deixar seus negócios florescerem. 
e) Suas orientações foram aplicadas entre 1970 e 1980. Chile de Pinochet: primeiro laboratório. 
f) Escola de Chicago (“Chicago Boys”): tornou-se o mainstream da Economia. 


Neoliberalismo na política econômica
1970 e 1980
No fim dos anos 80, tornou-se consenso nos círculos econômicos internacionais. 
O “Consenso de Washington” foi adotado pelo FMI e tornou-se condição para que o banco emprestasse dinheiro a países de Terceiro Mundo preocupados em “arrumar a casa”.
Diretrizes do Consenso de Washington (“prudent macroeconomic policies, outward orientation, and free market capitalism”, p. 86.):
a) Disciplina fiscal. 
b) Redução do gasto público (preferentemente em defesa, administração pública, subsídios e empresas estatais). 
c) Reforma Tributária. 
d) Taxas de juros adequadas ao investimento na produção, não na especulação. 
e) Taxa de câmbio competitiva (equilibrada entre controle de inflação e fomento às exportações). 
f) Abertura dos mercados às importações e exportações. 
g) Estímulo ao investimento estrangeiro. 
h) Privatização das estatais. 
i) Desregulação: diminuição do controle do Estado sobre determinadas atividades econômicas. 
j) Segurança à propriedade privada.
O Consenso de Washington tornou-se a fórmula mais conhecida do Neoliberalismo. Foi adotado em países recém-emancipados na África, na América Latina, na Ásia e na Europa Oriental.


Políticas do Banco Mundial
Bretton Woods, New Hampshire, 1944 >>> FMI e Banco Mundial.
Anos 1950 >>> Banco mundial financiou a construção de estradas, ferrovias, hidrovias, a partir da crença de que crescimento econômico gerava desenvolvimento, de modo que dependia de investimentos públicos.
Anos 1960 >>> Foco em educação e em agricultura do Terceiro Mundo.
Anos 1970 >>> Foco nos parâmetros mínimos de sobrevivência (alimentação, saúde pública, habitação). Crescimento econômico aliado à erradicação da pobreza.
Anos 1980 >>> Contexto: dois choques do petróleo e crise dos juros. Resposta econômica: Neoliberalismo. Imposição das medidas sociais e econômicas prescritas no “Consenso de Washington” a países que pretendiam renegociar suas enormes dívidas com bancos internacionais. Pagamentos dos empréstimos e cumprimento das metas sob supervisão do FMI. 


Diretrizes do Consenso de Washington
Disciplina fiscal;
Controle e reorientação do gasto público;
Reforma tributária;
Liberalização das finanças;
Câmbio unificado e competitivo;
Abertura dos mercados às importações;
Abertura a investimento estrangeiro direto;
Privatização;
Desregulação;
Assegurar direitos de propriedade.


Consenso Benevolente ou Consenso de Washington Aumentado
“Consenso Neoliberal” na Economia >>> Novamente abalado no início dos anos 2000. Manifestações populares em diversos países do Globo.
O Consenso de Washington perde sua credibilidade. Mas o que o substituiu? Atualmente, fala-se em um “Consenso de Washington Aumentado” pelas seguintes diretrizes, majoritariamente institucionalistas (p. 93):
a) Governança corporativa; 
b) Medidas anticorrupção; 
c) Flexibilização do mercado do trabalho; 
d) Acordos internacionais de comércio; 
e) Padrões e normas financeiros;
f) Abertura prudente da balança de capitais; 
g) Regimes sem taxas de intermediação do câmbio; 
h) Banco Central independente; 
i) Metas para controle da inflação; 
j) Redes de proteção social; 
k) Metas de redução da pobreza.

Críticas dos autores ao “Consenso de Washington Aumentado”:
a) O Consenso de Washington claramente falhou em produzir riqueza. As nações que mais cresceram entre 1990 e 2000 (China e Índia) não estavam aplicando as diretrizes do Consenso. 
b) Resulta de uma indefinição de instituições internacionais, tais como o FMI e o Banco Mundial, acerca do que viria a ser uma boa política para as nações de Terceiro Mundo. 
c) Trata-se de uma verdadeira miscelânea de recomendações, advindas das mais díspares teorias e ideias econômicas.  
d) As economias de Terceiro Mundo sofrem com baixa disponibilidade de investimentos. Por sua vez, a solução aparentemente óbvia (tomar empréstimos internacionais para a realização de investimentos) leva ao endividamento e à insolvência desses países, dadas as taxas de juros de tais empréstimos. 
e) Não reflete qualquer preocupação com transformação social, com mudança nas estruturas de poder. 


Objetivos e Metas de Desenvolvimento do Milênio
Declaração do Milênio, submetida à ONU em 2000 e com metas para 2015. Explicitamente reconhece:
a) A interdependência entre crescimento, redução da pobreza e sustentabilidade. 
b) Que o desenvolvimento é uma das bases da governança democrática, do império da lei, do respeito aos direitos humanos, da paz e da segurança.
Lista dos objetivos e metas do Milênio:
a) Erradicar a miséria e a fome (metas: reduzir pela metade a proporção de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia e reduzir pela metade a proporção de pessoas que passam fome). 
b) Universalizar a educação primária (meta: garantir que todos os meninos e meninas completem o curso primário de escolaridade). 
c) Promover a igualdade de gênero e empoderar as mulheres (meta: eliminar as disparidades de gênero em relação ao ensino primário e secundário). 
d) Reduzir a mortalidade infantil (meta: reduzir em dois terços as taxas de mortalidade entre crianças de até cinco anos de idade). 
e) Estimular a saúde da gestante (meta: reduzir em três quartos a mortalidade materna). 
f) Combater o HIV/AIDS (metas: congelar e reduzir a disseminação do HIV/AIDS; congelar e reduzir a incidência de malária e outras doenças). 
g) Garantir a sustentabilidade ambiental (metas: integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas dos países; reverter a perda de recursos ambientais; reduzir pela metade a proporção de pessoas sem acesso à água potável; alcançar uma melhora significativa nas vidas de pelo menos 100 milhões de favelados até 2020). 
h) Alcançar uma parceria global para o desenvolvimento (metas: desenvolver ainda mais um sistema aberto de comércio e finanças baseado em normas, previsível e não discriminatório e que inclua compromissos de boa governança, desenvolvimento e redução da pobreza; atender as necessidades especiais dos países menos desenvolvidos, o que inclui acesso livre de tarifas e cotas para suas exportações; perdão do endividamento dos países pobres; cancelamento dos débitos públicos bilaterais e desenvolvimento de uma assistência pública generosa a países comprometidos com a redução da pobreza; atentar para as necessidade especiais dos Estados subdesenvolvidos insulares ou sem acesso ao mar; em cooperação com as nações desenvolvidas, promover trabalho decente para a juventude; em cooperação com empresas farmacêuticas, proporcionar acesso a medicamentos essenciais acessíveis nos países em desenvolvimento; em cooperação com o setor privado, disponibilizar os benefícios das novas tecnologias — especialmente as tecnologias da informação e comunicações; lidar com os problemas do endividamento extremo dos países subdesenvolvidos por meio de medidas nacionais e internacionais, de modo a tornar tais dividas sustentáveis a longo prazo).


Perdão do endividamento
Perdão das dívidas das nações em extrema pobreza pelos países ocidentais (18 países mais pobres do mundo).
Aportes efetuados pelo G-8 às instituições financeiras internacionais.
Cerca de 40 bilhões de dólares.
Para obter o perdão, os países tinham de demonstrar terem ajustado suas economias às prescrições do FMI e do Banco Mundial >>> Imperialismo em prol de determinada Política Econômica, ditada por selecionados experts. 


Críticas ao Neoliberalismo
Os pressupostos do Neoliberalismo não são empiricamente verificáveis:
a) A natureza eminentemente “egoísta” (Von Mises) ou essencialmente “livre” (Friedman) do ser humano é uma assunção não comprovada. 
b) O mercado e os sistemas de preço são invenções conscientes, não “instituições espontâneas”.  
A Economia padece com uma visão limitada da sociedade: elege premissas acerca do comportamento humano que seriam válidas para todos os tempos e sociedades.
Mercados são construções sociais e institucionais que exigem regras e regulamentos para funcionar eficazmente.  Houve um grande esforço estatal para conseguir instituir o laissez-faire.
Mercados não "harmonizam" as relações sociais. Ao contrário, relações entre empregadores e empregados são conflituosas. Historicamente, foram construídas sobre séculos de luta e greves.  
Preços não representam os custos sociais e ambientais das atividades econômicas. Sistemas de mercado são ambientalmente destrutivos e socialmente irresponsáveis. Depois de 200 anos de pilhagem, o mundo natural já mostra sinais de limitações ao nosso estilo de vida atual.
Os economistas estão aficionados em sua autoimagem científica, vidrados na beleza de seus modelos formais. Por isso, recusam-se a reconhecer as deficiências sobre as quais os construíram.  
Ao mencionarem o “indivíduo livre”, os neoliberais se referem ao empresário, ao capitalista, ao patrão. Por liberdade, entendem a oportunidade de ganhar dinheiro. Os neoliberais são contrários ao Estado devido ao seu poder de redistribuir a riqueza existente, limitando a liberdade dos ricos ganharem mais dinheiro. Os neoliberais disfarçam seu apoio aos ricos usando os termos nobres tais como "liberdade" e "democracia".

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