terça-feira, 13 de maio de 2014

Anotações de aula: Socioeconomia do Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Ambiente Urbano

Universidade de Brasília – UnB
Centro de Desenvolvimento Sustentável – CDS
Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Sustentável
Doutorado
Disciplina: Socioeconomia do Meio Ambiente
Docente: Profa. Stephanie
Aula especial: Mudanças Climáticas e Ambiente Urbano
Aluna: Juliana Capra Maia



Anotações de Aula


Projeções populacionais mundiais e seus prováveis impactos:
  • Thomas Malthus, final do século XVIII. Ensaio sobre a população. “O poder da população é infinitamente maior que o poder da Terra em fornecer matéria prima para sustenta-la. Se não controlarmos o crescimento populacional voluntariamente, padeceremos”.
  • Nos últimos 50 anos, a população mundial triplicou >>> controle das doenças infecciosas, aumento da fecundidade, redução da mortalidade, aumento da expectativa de vida.
  • Em 2050 anos, seremos cerca de 9 bilhões de pessoas.
  • As projeções preveem que, em 2050, a população do Afeganistão dobrará e que a população da Nigéria triplicará. A população de Rwanda dobrará. A população da Grã-Bretanha aumentará em 10 milhões de pessoas. A população norte-americana em 100 milhões de pessoas. Por outro lado, a população do Japão, da Alemanha e da Rússia decrescerá.
  • Recursos naturais limitados:
-- Mais de 1 bilhão de pessoas no mundo sofrem com falta de água. 
-- A falta de água, bem como a escassez de terras agricultáveis, deverão impactar a produção de alimentos. 
-- Energia. O petróleo também constitui um recurso finito e essencial à produção de fertilizantes, adubos, combustível. Sua demanda aumentará em 40% nos próximos anos. 
  • Capacidade de suporte da Terra.
-- 18 bilhões de pessoas vivendo tal qual os ruandeses; ou 
-- 15 bilhões de pessoas vivendo tal qual os indianos; ou  
-- 2,5 bilhões de pessoas vivendo tal qual os ingleses; ou 
-- 1,5 bilhões de pessoas vivendo sob padrões norte-americanos
  • Soluções disponíveis: aplicação da ciência e da tecnologia em favor da preservação ambiental; redução dos níveis de consumo dos países desenvolvidos; controle de natalidade mediante: 
(1) proibição de ter filhos (caso chinês); 
(2) Educação para as mulheres (> Educação de Mulheres; < Taxas de Natalidade); 
(3) Métodos contraceptivos; 
(4) Esterilização da população fértil (principalmente nos países que mais crescem, que são os países de Terceiro Mundo). 


Características populacionais do Brasil, no final do século XX:
  • Maior urbanização.
  • Aumento da renda média das famílias.
  • Mulheres brasileiras, no ambiente urbano ou no ambiente rural, têm filhos com mais idade.
  • Redução drástica das taxas de natalidade.
  • Redução das taxas de mortalidade infantil.
  • Aumento da expectativa de vida da população, em geral.


O fator populacional no agravamento da crise ambiental:

1. O fator populacional é o principal agente da crise ambiental.
  • Pressão demográfica aumenta o consumo dos recursos naturais, o lançamento de resíduos, o desmatamento e a desertificação.
  • As cidades concentram os problemas e a população.
  • As cidades potencializam os riscos dos desastres ambientais.
  • Solução: Regular o fator populacional para minimizar danos ambientais. Incentivar a redução da fecundidade e da natalidade. Movimento contra a urbanização.

2. Os padrões de produção e de consumo são os principais agentes da crise ambiental.
  • Menor ênfase ao crescimento populacional.
  • Solução: Gerenciamento das formas de produzir e de consumir.


As cidades e o mundo:
  • Fonte: www.gapminder.org. Processamento estatístico de dados das Nações Unidas. 
  • De acordo com a ONU, a cidade é o aglomerado populacional com pelo menos 100 mil habitantes.
  • Urbanização progressiva do mundo após Revolução Industrial: migrações do campo para a cidade e crescimento vegetativo. Em um primeiro momento, as cidades eram ambientes insalubres.
  • Projeções mundiais de população X urbanização:
-- Em 1980: 35% da população mundial residia nas cidades. 
-- Em 2008: 50% da população mundial residia em cidades. 
-- Em 2030: 5 bilhões de pessoas residirão em cidades. 
-- 2050: 67% da população ou 6,3 bilhões de habitantes residirão em áreas urbanas.
  • Anos 1960: boom urbano na África, na Ásia, na América Latina.
  • Hoje, 80% do PIB dos países do mundo está concentrado nas cidades.
  • Há uma discussão geral acerca da utilização das cidades como meio de atingir o desenvolvimento sustentável.
-- Para alguns, a urbanização seria uma oportunidade para o desenvolvimento sustentável: a compactação da ocupação humana em cidades permitiria a redução na degradação dos habitats, permitiria a redução das taxas de fecundidade, possibilitaria a universalização da qualidade de vida, promoveria o acesso aos serviços de saúde e educação. 
-- Críticas:
(a) A favelização das cidades promove tudo menos a qualidade de vida;
(b) Desastres naturais tendem a ser mais trágicos;
(c) Os impactos das cidades ultrapassam bastante os seus limites espaciais;
(d) Que cidade é sustentável? Cidades compactas são mais sustentáveis que as espalhadas, dado que reduzem o custo das obras de infraestrutura, a necessidade de utilização de transportes, a destruição de habitats, a especulação imobiliária.
  • Principais impactos ambientais das cidades nos países subdesenvolvidos: Impactos à saúde humana (déficit no abastecimento de água, na coleta de esgotos e no fornecimento de energia), isto é, efeitos regionais e locais. Impactos ambientais das cidades nos países desenvolvidos: Emissão de gases de efeito estufa, isto é, efeitos globais.
  • “Slums” >>> Definição das Nações Unidas para “favelas”. Aglomerado populacional desprovido de: 
(a) Moradia durável;
(b) Área de convívio suficiente; 
(c) Acesso à agua tratada; 
(d) Acesso a saneamento básico; 
(e) Posse segura da terra 
  • Slums (ONU) X Aglomerados subnormais (IBGE). Conceitos parecidos, mas diferentes. Para o IBGE, os aglomerados subnormais contam com pelo menos 51 ocupações. Não se fala acerca do material utilizado na edificação da moradia (se durável ou não durável).


Quais as causas do aquecimento global?
  • Principalmente causas antropogênicas.
  • Emissão de gases de efeito estufa.
  • Observação >>> O efeito estufa permite que haja vida na terra. Sem o efeito estufa, a temperatura média da Terra seria de – 18º C; com efeito estufa atmosférico, a temperatura médica é de + 15º C.
  • Por que se fala tanto em CO2?
    -- Vários gases são presentes na atmosfera e participam do efeito estufa natural da atmosfera. 
    -- O principal é o vapor d’água, que contribui para 20ºC dos 33ºC, mas está presente na atmosfera em proporções estáveis. 
    -- O segundo em importância é o CO2. Tem maior tempo de vida na atmosfera que o metano. 


Papel das cidades na emissão de Gases de Efeito Estufa
  • 1970 – 2004. Aumento da emissão em 70% >>>
-- + 120% no setor de transportes. 
-- + 65% indústria. 
-- 71% a 76% das emissões globais são provenientes de áreas urbanas. 
-- 76% da energia mundial é consumida pelas cidades (IPCC, 2014).

  • No Brasil >>>
-- Somente 25 – 30% das emissões estão ligadas às áreas urbanas. 
-- 70% dos gases de efeito estufa estão ligados ao desmatamento. 
-- Observação: a matriz energética do Brasil está mudando! Há uma tendência de redução da participação do desmatamento na emissão de gases de efeito estufa.


As cidades têm investido mais em mitigação de impactos que em adaptação de tecnologias!


Urbanização e riscos climáticos
  • Grande vulnerabilidade das populações urbanas às mudanças climáticas.
  • E o que é vulnerabilidade? Trata-se de um conceito que inclui (IPCC, 2014):
(a) A exposição ao perigo: A fonte de perturbação é um elemento externo ao sistema. 
(b) A sensibilidade do sistema: Características internas do sistema que o tornam mais ou menos suscetível a determinados estímulos, propensão de um sistema a ser afetado.
(c) A adaptabilidade desse mesmo sistema para sobreviver ao perigo: Habilidade de administrar, acomodar e recuperar-se de distúrbios ambientais.
  • A vulnerabilidade é um conceito relativo. Muda de uma região para outra, de um grupo para outro. Furacões, por exemplo, atingem países ricos e países pobres. Não obstante, nos países pobres, os furacões causam mais mortes.

Mesmo expostas aos mesmos fenômenos, as cidades não apresentam necessariamente a mesma sensibilidade aos fatores perturbadores.

  • A maioria das cidades está exposta a algum tipo de risco, de magnitude variável.
  • Da mesma maneira, a capacidade de adaptação pode variar muito.
  • Desproporção / Desigualdade frente aos impactos ambientais em função das características da população.


Como analisar a vulnerabilidade
  • Três tipos de fatores:
-- Características geofísicas: Clima, tipo de solo, topografia, suscetibilidade a erosão, etc. 
-- Padrões de ocupação e planejamento territorial. 
-- Instrumentos / Políticas públicas de gerenciamento e prevenção dos riscos. 
  • Alguns grupos são mais vulneráveis que outros: mulheres, pessoas pobres, crianças.


Principais riscos e impactos das mudanças climáticas nos sistemas urbanos

  • Os riscos climáticos nas áreas urbanas estão aumentando:
-- Agravação de fenômenos existentes >>>
(a) Ilhas de calor: Dentro de uma cidade, em regra, as temperaturas são mais altas que nas áreas vizinhas entre 3º C e 10º C. Isso se deve à pavimentação das ruas, à altura dos edifícios, à deficiência de vegetação. As mudanças climáticas provavelmente acentuarão as ilha de calor. 
(b) Secas e desabastecimento de água. Diminuição dos níveis dos lençóis freáticos, afetando a produção industrial, as condições de higiene e saúde e, eventualmente, provocando conflitos entre as pessoas. 
(c) Elevação do nível do mar. Projeção de aumento do nível do mar entre 26 e 98 cm até 2100 (IPCC, 2014). Concentração demográfica nas cidades litorâneas. A cidades mais vulneráveis estão concentradas na Ásia: Mumbai, Shangai, Tokyo, Bangkok, Hai Pong, Dhaka, Kolkata, Alexandria, New York.

  • “Desastres naturais”: Maior visibilidade.
(a) A maioria das pessoas afetadas por eventos extremos estão concentradas nas cidades (IPCC, 2014). 
(b) Intensificação dos eventos extremos (inundações, deslizamentos). 
(c) 90% dos óbitos ligados aos desastres naturais ocorreram em países pobres (PNUMA, 1999) >>> Vulnerabilidade maior do segmento pobre da população associada à capacidade adaptativa fraca dos governos locais.

  • Relatório do IBGE (2010) >>>
-- Cerca de 41% dos municípios brasileiros sofreram impactos de algum desastre natural entre 2008 e 2012. Destaque para as inundações bruscas (39% dos municípios), enchentes graduais (39% dos municípios) e deslizamentos de encostas (22% dos municípios).
-- Região Nordeste, Região Sul e Região Sudeste: O principal fator de risco são as secas.
-- Região Centro-Oeste: Inundações bruscas e graduais.
-- Maior causa de desalojamento: Deslizamentos.


Mitigação em áreas urbanas
  • CF IPCC relatório para exemplos de políticas para reduzir emissões.
  • Principais estratégias >>>
-- Medidas de eficiência energética: edificações (comerciais e residenciais) menos consumidoras de energia, mudança de fontes de energia, produção local de energia renovável, uso de novos componentes.
-- Transportes: veículos mais eficientes, incentivo ao sistema público e ao deslocamento não motorizado.
-- Resíduos: reaproveitamento, disposição.
-- Água: uso racional, reuso (tecnologia de tratamento, para favorecer o uso local em lugar da importação).
  • Uma questão de transição tecnológica, para adoção de padrões de baixo carbono = investimentos em inovação e difusão tecnológica.


Adaptação dos sistemas urbanos
  • Dentro de um sistema, as adaptações são constantes e normais, dado que os sistema nunca são estáticos e as condições normais são oscilações moderadas em relação às condições ideias (margens de manobra habituais).
  • Todavia:
-- a adaptação individual não desencadeia necessariamente adaptação sistêmica.
-- a adaptação de um sistema pode não ser benéfica para todos os membros do sistema, em função de suas especificidades.
-- A adaptação pode não ser “boa” (conceito de maladaptação).

  • Países ricos X países pobres em relação ao tipo de ação de adaptação ou de mitigação dos impactos das mudanças climáticas.
-- Países ricos ou desenvolvidos >>> Ações preventivas ou proativas (adaptação);
-- Países pobres, subdesenvolvidos ou em desenvolvimento >>> Ações reativas (mitigação).

  • Países ricos X países pobres em relação ao sujeito que promove as ações de adaptação ou de mitigação dos impactos das mudanças climáticas:
-- Países ricos ou desenvolvidos >>> Esferas governamentais;
-- Países pobres, subdesenvolvidos ou em desenvolvimento >>> Indivíduos, unidades domésticas.

  • Países ricos X países pobres em relação ao tipo de investimento para adaptação ou mitigação dos impactos das mudanças climáticas:
-- Países ricos ou desenvolvidos >>> Infraestrutura, transportes;
-- Países pobres, subdesenvolvidos ou em desenvolvimento >>> Acesso ao mercado, abastecimento das casas em gêneros alimentícios; Ações ligadas a atividades envolvendo recursos naturais (agricultura, pesca, etc.).

  • Países ricos X países pobres em relação à motivação da adaptação ou mitigação dos impactos das mudanças climáticas:
-- Países ricos ou desenvolvidos >>> Ações ligadas a observação de fenômenos a longo prazo;
-- Países pobres, subdesenvolvidos ou em desenvolvimento >>> Eventos extremos. 

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