Universidade de Brasília – UnB
Centro de Desenvolvimento Sustentável
– CDS
Programa de Pós Graduação em
Desenvolvimento Sustentável
Professores: Elimar Nascimento,
Maurício Amazonas, Frederick Mértens e Thomas Ludwigs.
Discente: Juliana Capra Maia
Resumo:
PEET,
Richard; HARTWICK, Elaine. Theories of
development: contentions, arguments, alternatives. 2aEdição, New York,
The Guilford Press, 2009, capítulo 03.
O Capítulo
03 do texto de PEET e HARTWICK trata das doutrinas que orientaram as economias
ocidentais no século XX, especialmente a doutrina de John M. Keynes, do
desenvolvimentismo (decorrente das teorias keynesianas) e do Neoliberalismo.
A partir
do final do século XIX, começaram a pulular formulações teóricas críticas à
Economia Clássica e Neoclássica. Wilhelm Roscher, Bruno Hildebrand, Karl Knies
e Gustav Schmoller (todos da Escola Histórica, alemã); Thorstein Veblen e
Joseph Schumpeter (treinado na Escola Austríaca) já vinham chamando atenção
para os limites da economia assentada no Liberalismo.
Entretanto,
a Crise de 1929 foi o acontecimento que incentivou formulações teóricas e
políticas radicalmente divergentes às premissas do laissez faire. A mais relevante e influente dessas formulações
teóricas foi elaborada por John Maynard Keynes. Suas teorias influenciaram as
diretrizes da política econômica adotada inicialmente nos EUA e em seguida em
praticamente todos os países ocidentais.
O modelo
do Welfare State chamava o Estado a
desempenhar papel fundamental na economia: a) Incentivando ou desincentivando a
propensão marginal ao consumo, mediante controle das taxas de juros básicas da
economia; b) Mediante política fiscal: o gasto público (seja o investimento em
infraestrutura, em tecnologia ou em assistência social) é essencial para a
manutenção da economia; c) Mediando os mercados financeiros para evitar o “efeito
manada”.
As teorias
keynesianas e o desenvolvimentismo permaneceram como padrões gerais das
economias até fins das décadas de 1970/1980. Formulações teóricas neoliberais
surgiram como resposta à crise econômica provocada por dois choques do petróleo
(provocados pelo aumento de 200% nos preços do óleo bruto por todos os países produtores)
e pela crise dos juros.
A doutrina
neoliberal, criada por Ludwig von Mises, fortalecida por Friederick von Hayek e
difundida por autores como Milton Friedman, Harry Johnson, P.T. Bauer e Deepak
Lal, foi encampada por políticos conservadores: no Reino Unido, durante o
governo de Margareth Tatcher; nos Estados Unidos, durante o governo de Ronald
Reagan.
O
“Consenso de Washington”, adotado pelo FMI e pelo Banco Mundial representou o
coroamento dessa doutrina. Suas dez diretrizes foram impostas a todos os países
em desenvolvimento que desejavam renegociar a dívida externa a fim de sanear as
contas públicas, bem como aos países recém-emancipados do domínio colonial.
Segue lista das diretrizes: a) Disciplina fiscal; b) Redução do gasto público
(preferentemente em defesa, administração pública, subsídios e empresas
estatais); c) Reforma Tributária; d) Taxas de juros adequadas ao investimento
na produção, não na especulação; e) Taxa de câmbio competitiva (equilibrada
entre controle de inflação e fomento às exportações); f) Abertura dos mercados
às importações e exportações; g) Estímulo ao investimento estrangeiro; h) Privatização
das estatais; i) Desregulação: diminuição do controle do Estado sobre
determinadas atividades econômicas; j) Segurança à propriedade privada.
Os grandes
impactos sociais abalaram as políticas neoliberais no início dos anos 2000.
Como resposta às manifestações da sociedade civil, criou-se o que passou a ser
chamado “Consenso de Washington Aumentado”, isto é, pela moderação do Consenso
de Washington por meio de novas diretrizes institucionalistas: a) Governança corporativa; b) Medidas
anticorrupção; c) Flexibilização do mercado do trabalho; d) Acordos
internacionais de comércio; e) Padrões e normas financeiros; f) Abertura
prudente da balança de capitais; g) Regimes sem taxas de intermediação do
câmbio; h) Banco Central independente; i) Metas para controle da inflação; j) Redes
de proteção social; k)Metas de redução da pobreza.
Ao final,
os autores tecem diversas críticas ao Consenso de Washington, ao Consenso de
Washington aumentado e à própria doutrina neoliberal. Destacamos as críticas ao
modelo neoliberal: 1) Os pressupostos do Neoliberalismo não são
empiricamente verificáveis; 2) A Economia padece com uma visão limitada da
sociedade: elege premissas acerca do comportamento humano que seriam válidas
para todos os tempos e sociedades; 3) Mercados são construções sociais e
institucionais que exigem regras e regulamentos para funcionar
eficazmente. Houve um grande esforço
estatal para conseguir instituir o laissez-faire;
4) Mercados não "harmonizam" as relações sociais. Ao contrário,
relações entre empregadores e empregados são conflituosas. Historicamente,
foram construídas sobre séculos de luta e greves; 5) Preços não representam os
custos sociais e ambientais das atividades econômicas. Sistemas de mercado são
ambientalmente destrutivos e socialmente irresponsáveis. Depois de 200 anos de
pilhagem, o mundo natural já mostra sinais de limitações ao nosso estilo de
vida atual. 6) Os economistas estão aficionados em sua autoimagem científica,
vidrados na beleza de seus modelos formais. Por isso, recusam-se a reconhecer
as deficiências sobre as quais os construíram.
7) Ao mencionarem o “indivíduo livre”, os neoliberais se referem ao
empresário, ao capitalista, ao patrão. Por liberdade, entendem a oportunidade
de ganhar dinheiro. Os neoliberais são contrários ao Estado devido ao seu poder
de redistribuir a riqueza existente, limitando a liberdade dos ricos ganharem
mais dinheiro. Os neoliberais disfarçam seu apoio aos ricos usando os termos
nobres tais como "liberdade" e "democracia".
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