Centro
de Desenvolvimento Sustentável – CDS
Programa
de Pós Graduação em Desenvolvimento Sustentável
Doutorado
Disciplina:
Disciplina: Unidades de Conservação
e Desenvolvimento Sustentável 2 –
Fronteira, Recursos Naturais e Conservação
da Natureza
Docentes:
José Luiz de Andrade Franco e José Augusto Drummond
Discente:
Juliana Capra Maia
Ficha
de Leitura e anotações de aula
Texto:
NASH, Roderick. Wilderness and the
American Mind. Yale: Yale University Press, 1982, prólogo, cap. 1 e cap. 2.
PRÓLOGO
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Difícil definição de “wilderness”.
Substantivo que funciona mais como adjetivo para designar uma qualidade que
imprime certo humor ou sentimento em um determinado indivíduo. Conceito
extremamente suscetível às impressões
subjetivas. O que é a “wilderness” de
um pode ser o piquenique de outro. Ademais, o significado de “wilderness” e sua valoração mudaram ao longo do tempo.
**
Origem etimológica (teutônica e nórdica)
encontrada na palavra “will”.
Vontade. O wild é, portanto, o senhor
de suas vontades. Incontrolável. A wilderness
é o lugar destinado aos animais selvagens, às bestas, aos incontroláveis
senhores de suas vontades.
**
A associação entre wilderness e
área de florestas é originária das linguagens teutônicas, nórdicas, em que áreas incultas eram, geralmente,
florestadas. Na Espanha, widerness é
a área sem cultivo. Na França,
assume o significado de lugar deserto, ou solidão
inculta. Na Itália, utiliza-se o vocábulo
para designar uma cena de desordem ou de confusão.
**
Wilderness é o habitat das feras e
implica a ausência do homem. No contexto da wilderness,
o homem comum fica submetido à desordem e à confusão, o que o conduz a uma condição
selvagem.
**
O vocábulo wilderness foi
inicialmente utilizado no século XIII, mas acabou popularizado apenas no século
XIV, com as primeiras traduções
da bíblia latina para o inglês.
Wilderness designava o Oriente Médio,
uma terra árida e inabitada em que grande parte dos Testamentos ocorreu. Wilderness ficou então associada
aos desertos.
Today dictionaries define wilderness as uncultivated and otherwise undeveloped land. The absence of men and the presence of wild animals is assumed. The word also designates other non-human environments, such as the sea and, more recently, outer space. Of equal importance to these actualities are the feelings they produce in the observer. Any place in which a person feels stripped of guidance, lost, and perplexed may be called a wilderness. This usage, with its rich figurative possibilities, has extended the meaning of the word far beyond the original applications. Large and disordered collections of things, even if man-made, may qualify. Thus a wilderness is also that part of a normal garden which is deliberately planted with hedges in the form of a labyrinth. And, for Christian, wilderness has long been a potent symbol applied either to the moral chaos of the unregenerate or to the godly man´s conception of life on earth. p. 03.
**
1880. Utilização literária
da palavra wilderness em outra conotação: degeneração
dos ambientes urbanos, pobreza generalizada.
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Usos atuais da palavra wilderness. Por
um lado, significa o inóspito, o alienígena, o misterioso, o ameaçador; por outro lado, significa o belo, o amigável e o que
pode elevar e deliciar o observador. Nessa segunda acepção, está
a valorização das imensidões
selvagens como santuários, que fornecem consolo e de abrigo contra as pressões da civilização.
**
A aplicação do conceito wilderness à
gestão dos territórios também é complexa:
- De que tamanho deve ser uma área para ser considerada wilderness?
- Quanto de contato humano pode ocorrer para que uma área seja considerada wilderness? Nenhum? Apenas contato com indígenas? Raso contato com homens “civilizados”?
- Quanta perturbação ecológica provocada pela intervenção antrópica é aceitável?
** Dadas as dificuldades, considerar-se-á wilderness aquilo que as pessoas julgam ser, abordagem que particularmente interessa aos historiadores e cientistas sociais.
**
Formulação de tipos ideais: civilização x natureza intocada. A wilderness está entre os dois.
CAPÍTULO 01
** Descobridores e colonos já eram familiarizados com o conceito de wilderness antes mesmo da Era das Grandes Navegações. No final da Idade Média, existiam grandes porções de terra não ocupada a Europa. Seu conceito de wilderness era instintivamente relacionado a algo estranho ao homem, um ambiente inseguro e desconfortável contra o qual a civilização despende grandes esforços.
** Florestas inabitadas europeias faziam parte da mitologia e do folclore europeus. O judaísmo e o cristianismo, igualmente, traziam acepções da wilderness, bastante relevantes no pensamento europeu ocidental.
** Quando aportaram na América, descobridores e colonizadores trouxeram todas essas representações, todos esses conceitos.
**
Homem primitivo >>>
Paraíso X Wilderness.
Paraíso
(Bem em si mesmo. Jardim luxurioso. Reino da abundância e
da fartura. Convivência pacífica entre homens e animais. Mundo ideal, muitas
vezes representado como uma ilha ou um lugar escondido e inacessível)
X
Wilderness
(Mal em si mesmo. Ambiente perigoso e incontrolável. Mundo
real).
- Os homens não viviam no paraíso. Viviam na wilderness. Dessa forma, segurança, saúde e progresso dependiam, essencialmente, de superá-la. Era essencial ganhar progressivo controle sobre a natureza: fogo, domesticação de animais, domesticação de plantas.
In this way the wild hinterland normally surrounding and threatening the first communities were eliminated. Wilderness had no place in the paradise myth. p. 09.
** Gregos e Romanos >>> Também
rechaçavam a wilderness. O belo na natureza também estava associado ao que fornecia
frutos ou ao que podia ser de algum modo utilizado para a satisfação das
necessidades humanas.
- Wilderness vista como um pesadelo, em que os homens viviam cercados de bestas perigosas e sobreviviam seguindo o antigo mandamento: “comer ou ser comido”. Os homens teriam conseguido libertar-se do império da wilderness por meio de inventos como roupas, navios, metais, agricultura, muros para as cidades, leis e estradas.
- Lucretius, Virgílio e Horácio. Apologia à vida “natural” = Apologia à vida “pastoral”, não à vida na wilderness.
While inability to control our use wilderness was the basic factor in man´s hostility, the terror of the wild had other roots as well. One was the tendency of the folk traditions of many cultures to associate wilderness with the supernatural and monstrous. There was a quality of mystery about the wilderness, particularly at night, that triggered the imagination. To frightened eyes the limbs of trees became grotesque, leaping figures, and the mind sounded like a weird scream. The wild forest seemed animated. Fantastic creatures of every description were thought to lurk its depths. Whether propitiated with sacrifices as deities or regarded as devils, these forest being were feared. p. 10 e 11.
- Criaturas encantadas da floresta, para gregos e romanos: Pan (de onde vem a palavra “pânico”), faunos, centauros.
- Outras criaturas da floresta, na Europa: trolls, ogros, lobisomen, elfos, duendes, homens selvagens (Wild Men). Alguns podiam ser úteis aos homens, mas a maioria era de seres terríveis, assustadores e que emprestavam essa fama hostil à wilderness.
** Representações judaico-cristãs >>> A wilderness assume uma posição central nos textos bíblicos, seja assumindo função descritiva, seja assumindo função simbólica.
- Na Bíblia, a wilderness é sinônimo das terras áridas, imprestáveis para a agricultura e onde a sobrevivência humana era praticamente impossível. São terras amaldiçoadas por Deus e proibidas aos homens.
The Old Testament reveals that the ancient Hebrews regarded the wilderness as a cursed land and that they associated its forbidding character with a lack of water. Again and again “the great and terrible wilderness” was described as a “thirsty ground where there was no water”. When the Lord of the Old Testament desired to threaten or punish a sinful people, he found the wilderness condition to be his most powerful weapon. The cities of Sodom and Gomorrah became parched wastes of salt pits and thorny brush as a penalty for the sins of their citizens.
Conversely, when the Lord wished to express his pleasure, the greatest blessing he could bestow was to transform wilderness into “a good land, a land of brooks or water, or fountains and springs”. […]. To “give water in the wilderness” was a way God manifested his care. It was a fitting image for a people so fearful of the desert. p. 14.
- Wilderness como sinônimo de morada do Demônio, de inferno. (p. 15). Terra de Lilith, de Azazel e do Seirim (meio homem, meio bode).
- Éden X Wilderness >>> Opostos físicos e espirituais. O Éden era o jardim das delícias, em que Adão e Eva, longe do domínio das necessidades, não precisavam trabalhar para obter seu sustento. Era uma terra fértil e próspera, habitada por criaturas dóceis e úteis. Não havia medo. Quando quebraram as proibições de Deus, Adão e Eva foram lançados na wilderness, uma terra amaldiçoada, cheia de animais perigosos e em que o trabalho era indispensável.
- Na tradição judaica, o deserto (wilderness) também era visto como um local privilegiado para a autopurificação, como um local preparatório para o acesso a um contato com o sagrado. Wilderness como santuário, não apesar de sua hostilidade à sobrevivência humana, mas exatamente por causa dela.
The Israelite´s experience during the forty-year wandering gave wilderness several meanings. It was understood, in the first place, as a sanctuary from a sinful and persecuting society. Secondly, wild country came to signify the environment in which to find and draw close to God. It also acquired meanings as a testing ground where a chosen people were purged, humbled, and made ready for the land of promise. Wilderness never lost its harsh and forbidding character. Indeed, precisely because of them it was unoccupied and could be a refuge as well as a disciplinary force. Paradoxically, one sought the wilderness as a way of being purified and hence delivered from it into a paradisiacal promised land. There was no fondness in the Hebraic tradition for wilderness itself. The Exodus experience established a tradition of going to the wilderness for freedom and the purification of faith. When a society became complacent and ungodly, religious leaders looked to the wilderness as a place for rededication and refuge. Pp. 16 e 17.
** Representações da wilderness no cristianismo medieval >>>
- Wilderness vista como lar dos fenômenos, das crenças, dos cultos e dos seres que a Igreja deveria combater. Era a terra decaída com que o homem se deparou após a queda de Adão e Eva. Suas tentações desviavam-no da busca pelo paraíso, situado no céu.
Christians judged their work to be successful when they cleared away the wild forests and cut down the sacred groves where the pagans held their rites. p. 18.
- A cristandade não descartou a concepção judaica de que a wilderness também consistia um lugar próprio para a purificação espiritual. Sucessões de monges fizeram da wilderness um local privilegiado para meditação, insights espirituais e aperfeiçoamento moral. p. 18.
On the whole the monks regarded wilderness as having value only for escaping corrupt society. It was the place in which they hoped to ignite the flame that would eventually transform all wilderness into a godly paradise. p. 18.
- Recorrer ao ascetismo e à wilderness permaneceu, na cristandade e ao longo de toda a Idade Média, como caminho de purificação espiritual e moral. Essa ideia inspirou diversas seitas consideradas heréticas pela Igreja Católica. Inspirou, também, São Francisco de Assis e sua Ordem.
The belief that good Christians should maintain an aloofness from the pleasures of the world also helped determine attitude toward wilderness. The ideal focus for any Christian in the Middle Ages was the attainment of heavenly beatitudes, not enjoyment of his present situation. Such a point of view tended to check any appreciation of natural beauty. Thus during the Renaissance, Christianity offered considerable resistance to the development of joy in perceiving wild landscapes. p. 19.
** Representações da wilderness no Oriente >>>
- As religiões orientais divergiam frontalmente das concepções medievais cristãs acerca da wilderness.
a) Na Índia, Hinduísmo, Budismo e Jainismo enfatizavam a compaixão entre todas as coisas vivas e inseriam o homem dentro da natureza.
b) Na China, o Taoísmo postulava a infinita bondade da natureza – inclusive da wilderness.
c) No Japão, o Xintoísmo era um culto às montanhas, às florestas, às tempestades, aos rios. Preferia que os cultos tomassem os ambientes rurais, dado que na wilderness a energia sagrada era por demais intensa.
And wilderness, in Eastern thought, did not have an unholy ore vil connotation but was venerated as the symbol and even the very essence of the deity. p. 20.
- Como resultado, artistas chineses e japoneses celebraram a wilderness pelo menos 1.000 anos antes dos artistas ocidentais.
Freed from the combined weight of Classicism, Judaism and Christianity, Eastern cultures did not fear and abhor wilderness. Nor did they feel the conflict between religion and appreciation of natural beauty which caused Petrarc´s anguish on Mount Ventoux. But Western thought generated a powerful bias against the wilderness, and the settlement of the New World offered abundant opportunity for the expression of this sentiment. p. 21 e 22.
CAPÍTULO 02
** Em sua viagem à América, Alexis de Tocqueville testemunhou o pouco apreço que os colonos americanos devotavam à wilderness. Os americanos, principalmente os da fronteira, estavam mais preocupados em dominar a natureza, em domesticar a wilderness que em admirá-la. Por isso, derrubavam florestas, drenavam pântanos, modificavam o curso dos rios: tudo para adaptar a wilderness às suas necessidades existenciais.
** Por muito tempo e com raras exceções, a repugnância em relação à wilderness ainda dominaria a mentalidade norte-americana. Ano após ano, os colonos celebravam o avanço da civilização e a progressiva supressão da wilderness.
For the first Americans, as for medieval Europeans, the forest´s darkness hid savage men, wild beasts, and still stranger creatures of the imagination. In addition civilized man faced the danger of succumbing to the wilderness of his surroundings and reverting to savagery himself. The pioneer, in short, lived too close to wilderness for appreciation. Understandably, his attitude was hostile and his dominant criteria utilitarian. The conquest of wilderness was his major concern. p. 24.
**
Sob uma perspectiva simbólica, a wilderness
era vista como uma terra amoral, amaldiçoada e caótica. Domesticar as
terras selvagens não era apenas uma questão de sobrevivência, mas também uma
missão em favor da pátria, da raça e da obra de Deus.
**
Os primeiros descobridores e entusiastas da colonização do Novo Continente
descreviam-no como o paraíso na terra: exaltavam suas belezas naturais e sua
incomensurável riqueza. Esses relatos, desde muito cedo, foram desacreditados,
dada a aspereza do contato entre os colonos e a wilderness norte-americana (p. 25).
**
A wilderness norte-americana desde
muito cedo foi dissociada de um condição edênica, paradisíaca. Poderia até vir
a se tornar um lugar privilegiado mas, para tanto, demandaria muito trabalho e
muito esforço de parte dos colonizadores.
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A wilderness era tomada como um
inimigo que devia ser conquistado, domesticado, subjugado por um exército de
pioneiros. Escritos da época são cheios de metáforas militares.
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A wilderness compreendia homens
selvagens (Índios), animais selvagens (cobras, serpentes mortíferas, lobos, dragões),
seres sobrenaturais (como bruxas e monstros).
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A wilderness representava um convite
permanente à liberdade, mesmo para os homens que agiam em desconformidade com a
lei e com as normas sociais. Esse convite representava um permanente risco de
degeneração moral da sociedade americana, um permanente risco de sucumbir às “wilderness temptations”. Os homens da
fronteira estavam longe do poder dos exemplos e dos controles propiciados pela
vergonha.
The behavior of pioneers frequently lent substance to these fears. In the struggle for survival many existed at a level close to savagery, and not a few joined Indian tribes. Even the ultimate horror of cannibalism was not unknown among the mountain men of the Rockies, as the case of Charles “Big Phil” Gardner proved. Wilderness could reduce men to such a condition unless society maintained constant vigilance. Under wilderness conditions, the veneer civilization laid over the barbaric elements in man seemed much thinner than in the settled regions. p. 30.
DISCUSSÃO EM SALA
**
Tese de R. Nash: 1964.
- Wilderness in American Mind é um dos 100 livros mais importantes da literatura anglo-saxônica nos EUA.
- Foi publicado em um momento especial, em que as preocupações ambientalistas começaram a ser difundidas nos EUA.
- 1982: última atualização do livro.
** Wilderness >>>
- Lugar de prevalência do selvagem. Lugar indomado e autônomo. Diferente do espaço da civilização.
- Wilderness Act. A definição de wilderness tornou-se particularmente relevante em decorrência do Wilderness Act. Áreas protegidas em que se evitaria o contato humano.
- Sociedades nômades, agrícolas ou primitivas tinham pouca percepção do que viria a ser a wilderness. Não a tratavam como realidade separada. Visão cornucopiana. Rituais propiciatórios: tentativa de controlar a natureza (exemplo: dança da chuva).
- Tradução mais próxima no português: Sertão.
**
O Deus cristão cria tudo do nada: à medida que cria o mundo, também o organiza.
O demiurgo, por outro lado, organiza uma matéria que preexiste e que está em um
estado de caos. Figura existente em diversas mitologias.
**
Tradição greco-romana: valorização da natureza da pastoral, da arcádia, dos
prados, dos rios domados. Valorização de uma natureza domada, ordenada.
**
Tradição judaico-cristã: O paraíso é um jardim, cheio de animais benfazejos. A wilderness é uma natureza hostil, uma
natureza castigada, derivada do pecado original.
**
Natureza: o que está dentro, está fora. A wilderness
tem a ver com a natureza selvagem e a tendência ao pecado.
**
Por outro lado, a solidão da wilderness permite
a purificação espiritual.
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Tradição Oriental X Tradição Ocidental acerca da wilderness.
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Sair da civilização e adentrar a wilderness
é arriscado. Pode implicar a perdição das almas dos que se aventuram.
WILDERNESS << >> LILITH
**
Estados Unidos: Reconstituição do paraíso por meio do trabalho.
**
Revolução científica: a criação de Deus é perfeita e o mundo está em plena
ordem. Valorização da wilderness.
**
Iluminismo: A natureza não mais é o caos. Ela é ordenada. Mesmo assim, a
natureza valorizada é a arcádia ou os jardins bem domesticados.
a) Teísmo. O que explica o mundo é a Revelação.
b) Deísmo. Separação entre Ciência e Religião. Acredita-se em Deus, mas os assuntos da fé não devem ser imiscuídos nos assuntos da Ciência. Voltaire.
c) Ateísmo. Diderot.
**
Romantismo: Valorização da natureza selvagem e indomável, como algo que
transcende o homem. O Romantismo nasceu de dentro do próprio Iluminismo. Figuras-chave:
Diderot, Rousseau. A wilderness passa
a ser valorizada. A wilderness está dentro e fora dos
seres humanos.
**
A América começa a valorizar a wilderness,
como particularidade dos americanos. Os europeus podiam ter castelos e
catedrais góticas, mas não possuíam a wilderness.
A História Americana passa a ser construída e pensada em conjunto com a wilderness (exemplo: Turner).
**
Relação entre religiosidade oriental e preservação da natureza. Relação
complexa. Embora implique mais respeito à wilderness,
apela à visão cornucopiana.
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Situações recorrentes, seja no Brasil, seja nos Estados Unidos: Quem primeiro
protege ou quem primeiro propõe a proteção é quem mora longe. Quanto mais as
pessoas estão próximas da wilderness,
menor é a sua sensibilidade à preservação.
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Leo Marx, citado por Nash:
- The Machine in the Garden. “A máquina no jardim”, isto é, a civilização na wilderness
- Discute o impacto das ferrovias na produção literária e artística. Ferrovia (nascida na 1ª. Revolução Industrial, Inglesa, nas minas de carvão) entrando nas áreas agrícolas.
- Literatura de antipatia em relação às ferrovias: “ferrovias estão destruindo a wilderness”. Na verdade, as ferrovias estavam entrando nas áreas cultivadas, nas áreas agrícolas.
**
Nash. Por muito tempo, tratou a wilderness
como um conceito, e não como uma realidade concreta. A wilderness possui valor intrínseco. Deve ser preservada por si
mesma embora essa preservação traga benefícios aos seres humanos.
**
Mitificação dos tradicionais ou dos rurais pobres, associados com a wilderness. Transformação do mundo em
rural, na arcádia = Fim da biodiversidade, dado que o mundo rural é extremamente
pobre em biodiversidade.
Henri David Thoreau >>>
- Escritor, poeta, filósofo transcendentalista.
- Transcendentalismo: a natureza é o símbolo do espírito. A natureza tem uma função espiritual, além de uma função utilitarista: ela acessa a alma humana. A wilderness é sagrada. Deus está no homem e na natureza. O contato com a wilderness renova a civilização. Valorização do que está para além do homem.
- Crítica ao comércio, ao espírito do mercado, que seria um vício do nosso tempo.
- Viagens de Thoreau à wilderness, desde os 20 anos de idade. Estados Unidos e Canadá. Questiona-se: afinal, o que a civilização quer? Para quê tanto consumo? Em uma viagem ao Maine, viu-se perdido no meio de uma natureza dura, motivo pelo qual passou a criticar menos a civilização.
- Wilderness. Dá-nos força, é um retorno à origem, dá-nos resistência e vitalidade. Dá-nos a oportunidade de viver a vida de forma autônoma, livre de artificialidades.
- Equilíbrio entre as forças da civilização e as forças da wilderness. Força vital da wilderness e intelectualidade da civilização. A arcádia foi rejeitada por Thoreau como modelo de equilíbrio entre civilização e wilderness
- Thoreau viu muita devastação nos EUA. Postula, portanto, a necessidade de instituição de grandes unidades de conservação.
- Movimento em favor da instituição de unidades de conservação: escritores, artistas, ensaístas, viajantes. Disputa entre ambientalistas e empreiteiros construtores de estradas de ferro. Fundação do Parque Nacional de Yellowstone.
- Parque Nacional de Yellowstone. Primeiro Parque Nacional. Prevalência de argumentos utilitários: preservar a wilderness de Yellowstone para permitir que as gerações futuras também tivessem acesso às suas belezas (gêiseres).
- Parque Nacional de Yosemith.
**
Relação entre o conceito de wilderness e
o surgimento de propostas de criação de áreas protegidas nos Estados Unidos.
- Sensibilidade para a wilderness e perspectiva de que as áreas de wilderness tinham de ser protegidas ou, no mínimo, utilizadas com cautela.
- 1832. G. Catlyn. Romantismo. Pintor de paisagens. Proposta de criação de áreas protegidas com a finalidade de preservar a wilderness.
- 1864. Yosemith. Proteção das paisagens, das red woods e das sequoias. Os agricultores do Central Valley – área mais fértil do mundo – estavam preocupados com a proteção da água de degelo que utilizavam para plantar. Isso incentivou a criação do Yosemith. Prevalência do argumento utilitário.
- Iron Dax. Água que abastece Nova Iorque. Prevalência do argumento utilitário.
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Man and Nature, década de 1860. George Ferguson Marsh >>> Promove o
conservacionismo. Uso racional dos recursos naturais. Influencia Alberto
Torres, no Brasil. Preocupação: a terra tem que ser racionalmente utilizada,
dado que é um recurso limitado.
**
Primeira proposta de criação de Parque Nacional no Brasil >>> André
Rebouças, 1876. Influência iluminista (de uma sociedade baseada na razão) e
romântica (de apreço pela beleza da wilderness).
Proposta de gerar dinheiro com as unidades de conservação, por meio da
atividade turística.
**
Influência do Iluminismo e do pensamento Romântico >>> A Wilderness permite contato do homem com
a sua própria wilderness. O sujeito
na civilização era um sujeito domado. Fora da civilização, voltava a ter
contato com as suas melhores qualidades.
**
A preocupação com a wilderness passa
a fazer sentido para muita gente. Havia os que queriam protege-la
desinteressadamente. Outros, o faziam em atenção a interesses particulares ou
utilitários.
**
Apropriação da obra de Thoureau >>>
- Movimento hippie. Volta para o campo.
- Desobediência civil. Gandhi, Martin Luther King.
John Muir >>>
- Escocês. Migrou com sua família para Winsconsin, Estado em que a terra estava sendo distribuída da preços irrisórios.
- Formação familiar calvinista: “para entrar na wilderness, tem-se que levar um machado”. Tais como as outras religiosidades ascéticas, o protestantismo calvinista dessacraliza a paisagem: Deus (masculino) está no além, não na natureza.
- Apesar da sua educação, desenvolve afeto e admiração pela wilderness, que seria o local onde o homem se encontraria com o sagrado. Aproximação de John Muir de uma visão mítica da natureza.
- Em Winsconsin, nas terras de seus pais, John Muir trabalhou com agricultura: domesticação da terra mediante derrubada de árvores e plantio.
- Fugiu para o Canadá, onde morou por um tempo, para evitar ser convocado para a Guerra Civil Norte-Americana. Sobreviveu devido aos seus talentos como marceneiro, carpinteiro, inventor.
- Estudou na Universidade de Winsconsin. Curso de História. Paixões: Geologia e Botânica. Observação: à época, as universidades norte-americanas tinham a missão de apoiar os colonos na domesticação da terra.
- Viagem ao sudeste dos EUA. Novo contato com a fronteira e com a wilderness. Contato com as terras que haviam sido completamente arrasadas pela Guerra Civil norte-americana (Gen. Shermann).
- Contato com as terras do Oeste, virgens, intocadas. Fascínio pela Califórnia, para onde se mudou. Lá, trabalhava como pastor de ovelhas e como carpinteiro, marceneiro.
- Muir não era antipático ao uso sábio da terra, isto é, às boas práticas agrícolas e pecuárias. Era antipático à mineração.
- Tragédia pessoal (acidente que o deixou cego) fortalece sua tendência ao Transcendentalismo e ao Panteísmo (“a natureza é benéfica e sagrada”).
- Preocupado com o avanço dos pastos sobre as montanhas, propõe a criação de parques nacionais voltados à preservação da wilderness. O conceito de “Parques Nacionais” já era conhecido. Já havia sido fundado o Parque de Yosemite.
- Criação do Sierra Club, associação civil de proteção dos Parques de Yosemite e de Yellowstone.
- Transformação do Parque de Yosemite em Parque Nacional, fortalecendo a sua administração e fiscalização >>> Vitória de John Muir.
**
Contato com G. Pinchot, Engenheiro Florestal, oriundo de uma família rica, formado
na Alemanha e com contato com a experiência de Manejo levada a efeito na
Europa. Pretendia criar Florestas Nacionais, que permitiam a exploração de
madeira sob regime de concessão. >>>
- 1º. Momento: aproximação, diante do afeto pela wilderness;
- 2º. Momento: crítica. Pinchot entendia que o gado poderia, sem problemas, pastar nas áreas de unidade de conservação. Muir entendia que não: o avanço dos pastos sobre os parques nacionais tendia a destruí-los. Cisão entre preservacionistas e conservacionistas.
**
G. Pinchot. Oportunismo político? Pinchot tinha pretensões políticas e acabou,
inclusive, sendo o principal assessor de Theodor Roosevelt acerca dos assuntos
ambientais.
**
A wilderness deixa de ser a vilã a
ser combatida pela suas nêmese, o pioneiro-herói. Ela alivia o stress da civilização. Ademais, é a wilderness que forja o caráter
americano, o diferenciando do caráter europeu.
**
Mais um momento de controvérsia entre Pinchot e Muir: construção da barragem de
Hetch Hetchy, dento do Parque Nacional de Yosemite.
- Muir argui que a barragem modificaria drasticamente a paisagem dentro de uma área que não poderia ser modificada (Parque Nacional), motivo pelo qual a barragem não poderia ser construída.
- Pinchot, por sua vez, arguiu que haveria, sim, modificação da paisagem, mas que essa paisagem permaneceria bela, isto é, continuaria a exercer a sua função estética, além de exercer uma função básica para os habitantes da Califórnia: abastecimento público.
- Contribuiu para a decisão de construir a barragem o fato de que São Francisco passou por um terremoto em 1906, de modo que o abastecimento público era um imperativo.
** Muir não estava só. Ao contrário de Thoreau, havia um grupo
ao redor de Muir, um grupo de pessoas preocupadas com a wilderness. Muir escreveu muitas histórias acerca de suas aventuras
na wilderness, histórias que vendiam
bastante, que despertavam a curiosidade do público leitor.
Capítulo 13 – Anotações de aula
** Anos 60: “Born to be
wild”.
** Leitura obrigatória nos Estados Unidos, amplamente
debatido. Livro que se destaca na literatura norte-americana.
** Defesa da wilderness
>>> Corrente minoritária no
pensamento norte-americano (Drummond), embora pareça ser majoritária, se lermos
apenas o livro de R. Nash. Muitos técnicos, tais como Aldo Leopold, estavam
engajados em manejo, em licenciamento ambiental de florestas produtivas, de
mineração.
** Ambientalismo >>>
Palavra alterada para “Conservação”.
Valor histórico
- Marco para estudar mudanças
- Compreensão dos processos evolutivos da vida
- Interferência do meio científico nas discussões ambientalistas.
Biodiversidade
- Biblioteca da vida
- Estoque de gens
- Interferência do meio científico nas discussões ambientalista.
Saúde mental
** Sacralidade da Wilderness
>>> Ela dá sentido à vida,
inspira a reverência à wilderness. Valor existencial intrínseco.
** Wilderness >> Saúde mental.
- Alívio do estresse da vida urbana.
- Experiência da solidão, necessária ao equilíbrio mental humano.
- Desafios da Wilderness >>> Superação. Alcance da autosuficiência. Exemplo: experiência com pacientes psiquiátricos.
** Wilderness e civilização não são mais antagônicos.
** Wilderness é um
conceito criado pelo homem. Mesmo assim, ele tem um substrato de apoio,
substrato esse que merece valor em si mesmo.
** Acabar com a wilderness
é acabar com a civilização.
** Uso da Psicanálise. Freud. O controle absoluto elimina o id, que é a natureza em nós. Até que
ponto a civilização pode avançar? A razão e a ciência não teriam ido longe
demais? Stehlharthousen (“Gaiola de ferro” em que o homem estaria sendo
engaiolado).
** Deep Ecology >>> Aldo Leopold. The Land Ethic. Dar cidadania à natureza, isto é, aos animais, aos
vegetais, às pedras. Arne Ness.
ALASKA
** 02 de Dezembro de 1980 >>> Jimmy
Carter assinou o maior ato singular em prol da preservação na história mundial,
o “Alaska National Interest Lands
Conservation Act”. Proteção de 104 milhões de acres, equivalente a 28% de
todas as terras do Alaska. Parte dessas terras foi distribuída a populações
nativas, parte ao serviço florestal norte-americano.
- 33% Governo federal
- 27% Unidades de conservação
- 27% Governo estadual
- 12% povos nativos, isto é, + ou – 600 acres por habitante.
- 1% Iniciativa privada
**
O Alaska é um território comprado da Rússia pelos Estados Unidos. É conhecido
como a última fronteira norte-americana.
- Super wilderness”
- Preocupação de que não fosse colonizado como o restante do território.
- Maior preocupação com a preservação da natureza selvagem.
It was said, continually, that Alaska was America´s last frontier. Some hoped this meant opportunity for settlement and development has been the rule on earlier american frontiers. Others relished the idea of Alaska as a permanent frontier where frontier where Americans could visit their past both in personal as an idea. p. 272.The remark invites a comparison of the American West of the late nineteenth century of the American North a hundred years later. At both times these parts of North America were largely wilderness; indeed white eyes had not seen much of the land […]. When Montana became a state in 1889, civilization existed as tiny specks and thin strings along railways and a few roads. The matrix was wild; civilization, not wilderness, was fragile. When Alaska gained statehood in 1959 the same held true. Although definitions differed, more than ninety-five percent of the state could be called wilderness. The total white population in an area twice the size of Texas was under 150.000. p. 273.
** Condições naturais no Alaska >>>
- Território de difícil domesticação.
- Tundra. Poucas árvores, localizadas, com crescimento extremamente lento.
- A estação fértil dura entre 45 e 90 dias.
- 85% do território do Alaska fica permanentemente congelado (“permafrost”).
- Formas tradicionais de construção são impossíveis.
- De um total de 376 milhões de acres no Alaska, apenas 20 milhões são considerados adequados para agricultura ou para pastagem.
- Escassez de peixes e de caça.
- Temperaturas de – 40º no interior do Alaska.
Alaska is unquestionably less subject to human control and modification, and in this sense wilder, than the rest of the United States. Americans can irrigate their southwestern deserts and thereby nourish cities like Phoenix and San Diego each of wich had in 1980 a greater population than all of Alaska. The far North resists this kind of development. p. 275.
** Jonh Muir. Primeiro a destacar a relevância da preservação do Alaska, ainda
no século XIX.
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Cruzeiro pelo Alaska >>> 1899. Acadêmicos, fotógrafos, artistas. Após
essa expedição, houve um terremoto e, com isso, por vários anos não ocorreram
novas expedições.
- 1920 – 1930 >>> Novos turistas. Beleza cênica, conforto. Criação do primeiro hotel no Alaska. Estabelecimento de uma rota aérea.
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1960. Boom do petróleo.
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Corporação dos engenheiros dos Estados Unidos >>> Favoráveis ao
desenvolvimento do Estado. Construção de barragens, extração de minérios.
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1956 >>> Arquivamento do projeto da Barragem, considerando um marco no
ambientalismo norte-americano.
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ANCSA. Permitia aos nativos escolher terras para sobrevivência.
- Para os esquimós, o conceito de “wilderness é etnocêntrico”, dado que leva a crer que se trata de um espaço vazio.
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Preservação do Alaska >>> Causa ambientalista
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Alaska >>> Corrida para o ouro.
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1980. Coalizão do Alaska. 10 milhões de pessoas.
** Ronald Regan X Jimmy Carter. “Jimmy Carter teria subtraído uma enorme fatia de recursos
do setor produtivo”.
- Resultados >>> Foram permitidas atividades não compatíveis com a preservação, mesmo em áreas protegidas, principalmente a atividade de mineração.
- Robert Edwood >>> O destino último do Alaska é tornar os EUA autossuficiente em recursos.
- A preservação destina-se apenas à elite endinheirada, que tem condições de viajar para lá.
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1974 – 1978: Governador do Alaska. Crítica à federalização do Alaska (muitas
terras).
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Paralelo Alaska versus Amazônia >>>
- Em ambos casos, a wilderness é intensa, enorme.
- Em ambos, acreditava-se, inicialmente, que a wilderness era tão grande, que dispensava iniciativas de proteção.
- Ambos foram descritos como “a última fronteira”: o primeiro dos EUA, a segunda do Brasil.
- Ambos sofreram grande intervenção dos governos federais, para criação de unidades de conservação.
- Ambos dispunham de populações tradicionais: esquimós no Alaska; indígenas no Brasil.
Epílogo
** Ensaio sobre o futuro.
** No campo das certezas, se permanecermos no passo em que estamos, teremos dificuldades de manter a wilderness.
Civilization, powered by an increasingly sophisticated technology, will certainly continue to modify and control the Earth unless man restrains it. Wilderness will be a casualty or will be eliminated altogether. p. 379.
** Wilderness é uma criação conceitual da civilização, que se constrói em sua oposição (civilizado X não civilizado ou wilderness).
** Vivemos em tempos de extinção da wilderness. Apenas 2% do território dos EUA (país que mais preserva a wilderness) é intocado.
** Cenários imaginados por Nash >>>
- Primeiro: Planeta envenenado, destruído e descartado. Superpopulação. Guerra nuclear;
- Segundo: Planeta jardim. Toda a natureza é manejada. Gerenciamento planetário dos ecossistemas;
- Terceiro: Autocontenção da civilização.
** Civilização-Ilha. Autocontenção da civilização. Direitos naturais estendidos para a natureza. Residências autossustentáveis. Exemplo: monastérios medievais, pueblos. Necessidade de renúncias (modelo de contrato social lockeano).
** Somos péssimos vizinhos das outras espécies. Esquecemos que somos seres naturais, forjados pela wilderness. Quando isso aconteceu? Quando inventamos agricultura? Quando descobrimos o fogo? Quando alcançamos 6 bilhões de habitantes?
** Advocacy em favor da wilderness >>> Espiritualidade e beleza, nostalgia em relação à fronteira que se extingue, nacionalismo, utilitarismo.
** Wilderness: ponto de partida conceitual e ideológico para respeitar o valor intrínseco das demais espécies. Fundamento da Deep Ecology. Re-wild.
Discussão em sala
** Textos para serem lidos no final da
disciplina. Contêm os conceitos de biodiversidade e de wilderness e a pergunta: o que fazer com isso tudo? Como conservar?
- Reintroduzir espécies extintas ou quase extintas, tais como lobos, onças pintadas (que iam até a Califórnia) ou elefantes (que existiam nas Américas)?
- Introduzir espécies exóticas em ecossistemas de fauna ameaçada? Exemplo: porcos monteiros no Pantanal (que substituem a caça – por homens e por onças – de caititus e queixadas)?
- Gestão da biodiversidade regional. Proteção das espécies ameaçadas, dentro e fora das unidades de conservação, a fim de manter o fluxo gênico, os famosos “corredores ecológicos”? Essa ideia originou o conceito de “Reservas da Biosfera”.
- Conservação continental?
- Formação de mosaicos de Unidade de Conservação?
** Cronnon e Nash entendem que a wilderness é um conceito, uma construção
social. Entretanto, ambos acreditam que existe uma realidade subjacente a essa
construção social, uma realidade subjacente que se quer preservar.
** Cronnon >>> The changes and the land.
- Livro em que Cronnon mostra que os europeus não aportaram em uma terra selvagem, mas sim em uma terra já impactada por ameríndios.
- Crítica de José Luiz Franco: Cronnon cai na autoflagelação. “Povos da natureza” são simplesmente “povos”. A destruição da natureza não começa com a agricultura. Os homens, a um só tempo, integram e não integram a natureza, dada a interferência da cultura. Desde quando? Desde os hominídeos, isto é, desde antes da existência do homo sapiens.
** Sociedades indígenas americanas não
foram expulsas por Parques Nacionais. Foram expulsas por qualquer motivo: por doenças,
pela culinária, pela agricultura, pela pecuária. Havia uma política sistemática
de extermínio.
- Atualmente, há experiências de cogestão de parques nacionais norte-americanos por populações indígenas.
- Exemplos: Death Valley, Monument Valley. Há, entretanto, alguns choques entre essas experiências de cogestão com indígenas e os propósitos de conservação.
** Terborgh e Nash
>>>
- O “desenvolvimento sustentável” não garante a proteção da biodiversidade.
- Dentro do discurso do desenvolvimento sustentável, é necessário encontrar um espacinho para a biodiversidade.
** Terborgh
>>>
- Os locais normalmente são contrários ao estabelecimento de UC em sua vizinhança.
- O apoio aos parques só surge muito tarde, quando toda a zona de amortecimento da UC e os possíveis corredores ecológicos já estão comprometidos.
** Cenários de futuro
para R. Nash >>>
- Terra degradada.
- Cenário do “desenvolvimento sustentável”. A Terra vira um grande jardim, ou um amontoado de terras cultiváveis. Ecossistemas devidamente manejados, funcionando saudavelmente para o nosso bem. Controle absoluto sobre a natureza. Limitação da wilderness.
- Cenário de autolimitação. Homens vivem em ilhas de civilização tecnocrática e todo o resto da natureza viverá de forma intocada e descontrolada. Thoreau >>> Nossa salvação – inclusive mental – está na wilderness. Limitação do homem.
** Valor intrínseco da
wilderness >>> Fundamento que deu origem à preservação da biodiversidade.
** Sugestão
de leitura >>> The rights of nature. Nash trata da ampliação do
âmbito dos direitos.
- Progressivamente: homens brancos, mulheres brancas, homens e mulheres negras, índios, crianças e, agora, animais?
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