Centro Universitário de Brasília - Uniceub
Faculdade de Direito
Pós Graduação em Direitos Sociais, Ambiental e do Consumidor
Monografia Final
Aluna: Juliana Capra Maia
Ficha de leitura: TAVOLARO, Sérgio B. F. Sociabilidade e construção de identidade entre antropocêntricos e ecocêntricos. Ambiente & Sociedade, Ano III, N. 6/7, 1º Semestre de 2000 / 2º Semestre de 2000.
INTRODUÇÃO
** Paradoxo da negação da ruptura entre natureza e cultura na modernidade >>
-- Na modernidade ocorre uma ruptura entre a natureza e a sociedade. Após a ocorrência dessa ruptura, a natureza é resgatada e sobrevalorizada como fonte de subsistência e como detentora de significado "para novas tentativas de dar unidade e sentido a um mundo que, ao menos em parte, caracteriza-se pela dissolução de velhas referências de significação em meio a crescentes processos de racionalização". P. 63.
-- Paradoxo que se acentua exatamente no momento em que a modernidade alcança o seu ápice de realização. Hipermodernidade (Giddens). A humanidade exerce grande grau de controle sobre os processos naturais; as sociedades humanas alcançaram graus elevadíssimos de complexidade e fragmentação; a ação humana direciona-se quase exclusivamente à consecução de fins.
** Perplexidade do autor: de onde surge, então, esse resgate da natureza? Isso não seria uma espécie de "calo místico", ambiente "re-encantado" ou "sacralizado" no âmbito das sociedades modernas?
-- As organizações civis ambientalistas seriam catalisadoras do re-encantamento do mundo natural, à medida que propõem uma moralidade que paute as relações dos homens entre si e dos homens com a natureza.
DIMENSÕES DA MODERNIDADE
** Constituem dimensões estruturais da modernidade >>
a) Racionalização das concepções de mundo. Possibilidade de o sujeito se indagar quanto às condições sociais e naturais nas quais se encontra inserido, percebendo nelas possibilidades de escolha e de mudança. Não há mais opções sagradas ou dogmáticas a abraçar. Caráter reflexivo da modernidade.
b) Racionalização da normatividade. Estabelecimento de termos consensuais para as relações sociais. Superação da moralidade social pré-estabelecida, tomada como um dado da realidade. Essa moralidade pré-estabelecida se mostrava inflexível às particularidades, idiossincrasias e projetos subjetivos.
c) Sistema político-administrativo. Autonomização de um sistema político-administrativo: o direito legal (prefiro "direito positivo"). Trata-se de um sistema estatuído racionalmente e constitui-se como um conjunto de regras abstratas, concretizadas por meio de uma estrutura administrativa do tipo burocrática. Impessoalidade é o traço fundamental desse sistema, que desconsidera as peculiaridades e os hábitos tradicionais dos sujeitos sob seu jugo.
d) Sistema econômico. Autônomo em relação a outras esferas da vida social. Complexificado. Controle dos intercâmbios econômicos pelo uso do dinheiro.
"Assim concebida a modernidade, é possível depreender algumas das principais conseqüências decorrentes do intercâmbio mútuo de suas 4 dimensões: o aumento significativo de situações de alto risco; a monetarização dos âmbitos sociais lingüisticamente mediados; e a burocratização dos âmbitos em que se dão os processos de reprodução cultural, integração social, e socialização." p. 67.
CONSEQUÊNCIAS DO INTERCÂMBIO ENTRE AS QUATRO DIMENSÕES DA MODERNIDADE
a) As situações de alto risco. nível de intervenção tão elevado no mundo natural. fala-se em risco, em condições modernas, como forma de se substituir a inadequada idéia de fortuna (destino): passa-se a conceber o fato de que boa parte dos acontecimentos anteriormente atribuídos à "fatalidade", ou à "cólera divina" são, na verdade, uma conseqüência de nossas próprias atividades e decisões
b) A monetarização do "mundo da vida". Expansão do sistema econômico para além de suas fronteiras. Representado por fenômenos como o consumismo, o individualismo possessivo, as motivações relacionadas com o rendimento e a competitividade.
c) A burocratização do "mundo da vida". Âmbitos lingüisticamente mediados tornam-se "colonizados" pelo sistema político-administrativo.
A SEGUNDA ONDA DE AÇÃO AMBIENTAL: AMBIENTALISMO E MODERNIDADE
** Preocupação com o meio ambiente não é novidade. Há séculos ocorrem manifestações de resgate do mundo natural em contextos sociais de racionalização da produção e das relações intersubjetivas.
-- Keith Thomas > Quanto mais as bases da organização social da Inglaterra dos anos 1500 a 1800 afastavam os homens da natureza, mais freqüentes eram as tentativas de reaproximação física ou simbólica com o mundo natural.
-- McCormick > Em meados do século XIX essas preocupações tornaram-se tão intensas que ensejaram a criação das primeiras organizações de proteção da natureza. Em 1880, sociedades de história natural e clubes de campo no interior da Inglaterra reuniam por volta de 100 mil membros.
** Primeira onda de ação ambiental no Ocidente Europeu: 1880 a 1910 (de acordo com Russel Dalton). Além das organizações, o período testemunhou o surgimento de diversas legislações de proteção à natureza.
-- Dormência do movimento, até em função das duas Guerras Mundiais. 1910 a 1970 (Essa afirmativa tem que ser muito relativizada. Houve dormência, mas as décadas de 20 e 30 testemunharam o nascimento de diversas normas e iniciativas ambientais. Além disso, a década de 1960 foi profícua, inclusive alimentando a demanda pela Convenção de Estocolmo, ocorrida em 1972).
** Segunda onda de ação ambiental no Ocidente Europeu: percorreu quase toda a Europa Ocidental entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970.
-- Final dos anos 1960: emergência de grande quantidade de organizações ambientalistas. Mudança no enfoque das preocupações que, da preservação da vida selvagem, migrou para a nova realidade vivida pelas economias industriais: energia nuclear, escassez de recursos naturais, lixo tóxico, chuva ácida, a proteção da qualidade de vida.
-- No Brasil, ocorre na década de 1970. Surgimento das primeiras associações ambientalistas marcadamente mais críticas em relação ao padrão de desenvolvimento adotado pela civilização ocidental (e a FBCN?).
** Abordagem Teórica. Teoria da Ação Comunicativa, de Jürgen Habermas.
-- Modernidade: surgimento de conflitos que diferem daqueles centrados na produção material. Os novos conflitos encontram-se vinculados à "gramática das formas de vida": qualidade de vida, direitos iguais, auto-realização individual, participação e direitos humanos.
-- Exemplos de movimentos vinculados à "gramática das formas de vida": movimentos antinuclear, ambientalista, pacifista; movimentos locais; movimentos alternativos (rurais e urbanos); movimentos de minorias (mulheres, idosos, gays, deficientes físicos, negros); fundamentalismos religiosos; protestos contra impostos; protestos escolares por parte das associações de pais; movimentos de resistência a reformas "modernistas"; movimentos por autonomia regional, lingüística, cultural; movimentos de independência nacional e religiosa.
** Claus Offe >> Movimentos sociais estão associados ao medo e à ansiedade que resultam de violações ou ameaças para a integridade do corpo, da vida, ou do modo de vida.
-- Problema de pesquisa e hipótese: Se movimentos sociais estão atrelados ao medo e à ansiedade, não estaria o ambientalismo (ou pelo menos uma parte dele) construindo mitos capazes de recriar uma pretensa unidade entre humanidade e natureza, como uma pretensa forma de realização da plenitude perdida com o advento da secular modernidade? Se isso é verdade, há limites em qualificar organizações ambientalistas, simultaneamente, como produtos e catalisadores de modernidade.
-- Limites da análise. Fragmentação interna do ambientalismo. A natureza é concebida de maneiras diferentes pelas diversas correntes ambientalistas. A própria incerteza e a forma de lidar com os riscos do futuro também ocorrem de maneiras distintas.
-- Conclusão do trabalho: certas associações não só expressam como levam adiante os valores da modernidade em maior grau do que outras.
AS NATUREZAS DAS ASSOCIAÇÕES AMBIENTALISTAS: SOCIABILIDADE E IDENTIDADE ENTRE ANTROPOCÊNTRICOS E ECOCÊNTRICOS
** Antropocentrismo X Ecocentrismo. Corte analítico mais eficiente para diferenciar as organizações da sociedade civil que se definem pela defesa da natureza.
"o primeiro 'approach' [antropocêntrico] é caracterizado por sua preocupação de articular uma teoria política que ofereça novas oportunidades para a emancipação humana e sua realização numa sociedade ecologicamente sustentável. O segundo 'approach' [ecocêntrico] persegue esses mesmos objetivos no contexto de uma noção mais ampla de emancipação que também reconheça o lugar moral do mundo não-humano e almeje assegurar que ele também se realize nas suas várias maneiras" (ECKERSLEY, 1992: 26).
** As principais tendências do ambientalismo oscilam entre dois polos (na maneira de conceber o mundo natural, de internalizar a natureza, de propor soluções e construir identidade): o antropocentrismo e o ecocentrismo. Citam-se, como principais tendências, o conservacionismo, a ecologia do bem-estar humano, o preservacionismo, o movimento de liberação animal, e o ecocentrismo. (p. 73).
** Conservacionismo >
-- Raízes na doutrina de Gifford Pinchot (primeiro chefe do United States Forest Service). Preocupação central: eliminação do desperdício nos processos de intervenção na natureza. "Desenvolvimento" era tratado como princípio primeiro de conservação da natureza, seguido pelas idéias de "prevenção do desperdício" e "desenvolvimento para o benefício de muitos, e não meramente para o proveito de poucos".
-- Fortalecimento vigoroso do conservacionismo, após a Segunda Guerra Mundial, em vários países da Europa Ocidental (especialmente Holanda, França, Bélgica e Reino Unido), frente à necessidade de planejar a reconstrução das áreas arruinadas pela guerra.
-- Caráter explicitamente antropocêntrico, utilitário, que almeja conseguir mais bens para cada vez mais pessoas.
** Ecologia do bem-estar humano >
-- Tendência que mais se fortaleceu a partir dos anos 1950, fundamentalmente em decorrência das altas taxas de urbanização e industrialização nas complexas e democráticas sociedades contemporâneas. Preocupação com o ambiente urbano ocupado por cidadãos, consumidores e chefes de família que, a partir dos anos 1950, assistiram a abruptos crescimentos urbanos e da degradação ambiental. Também conhecida como "novo ambientalismo".
-- Temas típicos dessa vertente: acúmulo de lixo tóxico ou de dejetos intratáveis no meio ambiente; intensificação de poluição generalizada no solo, ar e água; emergência de doenças associadas às sociedades ricas (doenças do coração e câncer); ameaças advindas do uso da energia nuclear; ameaças representadas pelo lixo atômico, ameaças provocadas pelo aquecimento global e pela diminuição da camada de ozônio.
-- Caráter eminentemente antropocêntrico.
** Preservacionismo >
-- Reverência à natureza: apreciação estética e espiritual da natureza não-humana que não foi ou foi somente marginalmente domesticada pelos humanos. "Preservar evitando desenvolver".
-- Trata-se de um caminhar em direção ao pólo ecocêntrico do espectro ambientalista.
** Liberação animal >
-- Trata-se de um caminhar em direção ao pólo ecocêntrico do espectro ambientalista.
** Ecocentrismo >
-- Para os ecocêntricos, "o mundo é intrinsecamente dinâmico, uma rede interconectada de relações nas quais não há entidades absolutamente discretas e não há linhas divisórias absolutas entre o mundo vivente e o mundo não-vivente, seres inanimados e animados, ou mundo humano e mundo não humano" (ECKERSLEY, 1992: 49). Três principais subtendências:
a) Ecocentrismo autopoiético. Atribui valor intrínseco a todas as entidades que são primeira e continuamente voltadas à regeneração de sua própria atividade organizacional (escalas: indivíduo, espécies, ecossistemas e ecosfera). P. 75.
b) Ecocentrismo transpessoal. Fundado na "ecologia profunda" e no cultivo de um senso mais amplo do 'self': processo cotidiano psicológico de identificação com as "outras entidades" da natureza. Busca de uma experiência do 'self' que se estenda para além de um sentido biográfico, pessoal, egoísta, por meio da inclusão de todos os seres existentes, essencialmente interconectados em seus destinos. (p. 75)
c) Ecofeminismo. Associação histórica e simbólica da mulher com a natureza. Crítica à dominação do homem sobre a mulher ao mesmo tempo que do homem sobre o mundo natural, em sua totalidade (p. 75)
Novo ambientalismo e conservacionismo resgatam a natureza mantendo o homem como referência. Preservacionistas e organizações pela liberação animal reconciliam a natureza e o homem empurrando o peso da escala para seu lado ecocêntrico, dotando de valor intrínseco seres não humanos. Ecocêntricos, por sua vez, dotam o mundo não-humano de valor tão relevante quanto aquele atribuído ao mundo humano.
** Preservacionismo, Liberação animal e Ecocentrismo, embora incorporem concepções científicas dos fenômenos humanos e naturais, tenderiam a re-encantar as relações entre humanos e natureza (além da relação dos humanos entre si). Seriam, nesse sentido, anti-modernas ou não-modernas. P. 76.
[...] por um lado, conservacionistas, ecologistas do bem-estar humano, preservacionistas, movimento de liberação animal e ecocêntrico emergem na tentativa de se resguardarem diante dos processos de colonização sistêmica do mundo da vida, isto é, para fazer frente ao déficit de integração social, perda de sentido e de significado que o transbordamento dos imperativos sistêmicos, para além de seus âmbitos de ação, acaba por desencadear. Mas, por outro lado, as associações ambientalistas deixam de ser genericamente qualificáveis como "atores sociais catalisadores dos valores da modernidade" no momento em que consideramos as maneiras particulares através das quais, ao lidar com as incertezas e com os riscos ambientais, propõem sociabilidades e constróem suas identidades muitas vezes reencantando a relação dos homens com o mundo natural e deles entre si. p. 75 e 76.
TESE CENTRAL
** Polo antropocêntrico > Neste polo, situado dentro do paradigma iluminista, a natureza permanece desencantada e figura como objeto. Natureza passiva. Os seres humanos continuam sendo a finalidade principal de toda a ação humana.
** Polo ecocêntrico > Recuperação de mitos, reinvenção de tradições. A natureza volta a ocupar posição central na interpretação da vida cotidiana, na construção de relações interpessoais. Re-sacralização da natureza. Natureza progressivamente mais ativa e determinante. Seres humanos e não-humanos passam a ocupar posição de igualdade na elaboração de uma normatividade capaz de gerar expectativas de comportamento pelos seres humanos. Luta-se para que o próprio mundo natural seja considerado como sujeito de direitos.
Ora, quanto mais próximas de uma perspectiva antropocêntrica, mais as associações em questão trazem em seu seio uma sociabilidade no interior da qual a natureza é objeto de discussão, objeto de debates e de decisão, ocupando, porém, uma posição apenas passiva na busca racionalmente motivada de normas que pautem expectativas de comportamento sob termos compartilhados (FERREIRA, 1996a; NICKEL & VIOLA, 1994). Não há, pois, um rompimento profundo com os valores do Iluminismo, cuja suposta prevalência faz Habermas defender a idéia segundo a qual vivemos um momento em que o inacabado projeto da modernidade encontra-se bem mais próximo de sua realização. Ao trazer o mundo natural para um lugar de importância na determinação das relações dos homens entre si e de seus intercâmbios com a natureza, sem contudo deixar de priorizar o ser humano e sem deixar de qualificá-lo como o fim definitivo de todas as realizações, conservacionistas e ecologistas do bem-estar humano lutam por fazer da natureza um objeto de direitos a ser formalmente conquistado e democraticamente acessível (FERREIRA, 1996a; TAVOLARO, 2001).
À medida em que caminhamos em direção ao segundo termo do espectro antropocentrismo - ecocentrismo, uma forte carga simbólica passa a ser depositada sobre o mundo natural na proposição de sociabilidades e na construção de identidades pelas organizações civis ambientalistas. A partir da recuperação de mitos, de elementos religiosos, tradicionais, isto é, elementos para os quais não se pode dar uma fundamentação racional, concepções são construídas de maneira a dotar a natureza de tarefa significante para as relações sociais, ou seja, a natureza vai gradativamente recuperando um poder simbólico e sensorial às relações humanas que o Iluminismo e todo o processo de racionalização acreditavam ter eliminado . É assim que preservacionistas, movimento de liberação animal, e ecocêntricos, propriamente ditos, dotam o mundo natural de sentimentos, sensações, atitudes, trajetórias de vida, disposições e outras características marcadamente humanas sem efetivamente fundamentar, em bases racionais, tais transferências de qualidades. p. 76.
Como seria possível tal fenômeno se, como quer Habermas, uma vez atingido um determinado estágio de moralidade, não é possível retroceder?
** Minha pergunta ao autor: Certeza que se trata de um retrocesso ético? A atribuição de direitos à natureza parece mais uma apuração da sensibilidade e da suscetibilidade. Nash entende que se trata do estágio final de ampliação do individualismo, processo histórico pelo qual direitos foram progressivamente atribuídos a grupos minoritários, tais como estrangeiros, mulheres, escravos, negros.
MODERNIDADE, AMBIENTALISMO E O POLISSÊMICO CAMPO DISCURSIVO DAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS
** Premissas:
-- As complexas sociedades ocidentais contemporâneas encontram-se perpassadas por processos de racionalização, de dessacralização (secularização) do mundo, por ganhos de reflexividade voltados ao 'Eu' e à construção de identidades.
-- Nessas sociedades, um subsistema político-administrativo e um subsistema econômico se complexificaram e se autonomizaram dos demais âmbitos sociais a ponto de terem ganho dinâmica própria e, em seguida, de ameaçarem os âmbitos lingüisticamente mediados, voltados para a busca do entendimento ("mundo da vida").
-- Então, "a modernidade pode ser entendida como o momento em que o social se complexifica de maneira jamais vista, onde âmbitos sociais responsáveis pela administração, regulação política, e pela produção e reprodução material se autonomizam e passam a se dinamizar fundamentalmente por uma lógica estratégico instrumental. Trata-se ainda de um momento em que uma moralidade pós-convencional, regida por princípios universais e abstratos, passa a ocupar posição nodal num todo social marcadamente instável e de-centrado, chamando para si a tarefa de significação da totalidade". P.80
** Portanto:
-- É esperada a polissemia dos conceitos, o transbordamento de significados e significações que mesclam-se entre si, bem como a pluralidade de formas de internalização da natureza, de propostas de sociabilidade e de construção de identidades.
-- Não surpreende que no interior da própria modernidade, emerjam vozes que apontam para suas limitações e tendências insustentáveis.
Se, hoje, concepções que tendem a reencantar as relações dos homens com o mundo natural não só mostram-se mescladas com elementos que derivam de concepções empírico-científicas como também são incapazes de encontrar tanta reverberação social isso se deve ao fato dos valores da modernidade ocuparem posições de proeminência no social. Contudo, mais uma vez, as modernas sociedades ocidentais apresentam-se como um campo discursivo habitado pelas mais variadas significações, entre elas as que creditam voz ativa a seres inanimados. A natureza pode, então, vir a ser dotada de características mágicas num mundo hegemonicamente secular, sem que tal fenômeno represente um absurdo para a análise sociológica. P. 81.
** Referências bibliográficas interessantes:
-- DALTON, R. The Green Rainbow: environmental groups in Western Europe, New Haven, Yale University Press.
-- ECKERSLEY, R. Environmentalism and Political Theory: toward an ecocentric approach, Albany, State University of New York Press, 1992.
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