Universidade
de Brasília – UnB
Centro de
Desenvolvimento Sustentável – CDS
Programa de Pós
Graduação em Desenvolvimento Sustentável / Doutorado
Disciplina: Ciência
e Gestão da Sustentabilidade
Docentes: Elimar
Nascimento, Maurício Amazonas, Frederick Mérténs e Thomas Ludewigs.
Discente: Juliana
Capra Maia
Resumo
Texto: NASCIMENTO,
Elimar Pinheiro. Sustentabilidade: o
campo de disputa de nosso futuro civilizacional. In LENA, Philippe; NASCIMENTO,
Elimar Pinheiro do (orgs.). Enfrentando os limites do crescimento:
sustentabilidade, decrescimento e prosperidade. Rio de Janeiro, Garamond, 2012.
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No texto ora fichado, Nascimento (2012) vale-se de
determinado aparato conceitual da Sociologia para interpretar o fenômeno da
“Sustentabilidade”. Trata-se do conceito de “Campo”, de Pierre Bourdieu. “Campo”,
na acepção que lhe conferiu Bourdieu, é um jogo que se joga segundo
determinadas regras, implícitas ou explícitas. As regras de um campo incluem as
que regem a aceitação de novos membros, as disputas, os discursos, as práticas,
a exclusão de atores recalcitrantes.
Conforme Nascimento, desde a década de 1970, a Sustentabilidade viria se constituindo como novo campo, caracterizado pela interdisciplinaridade e pela multidimensionalidade. Em outros termos, a Sustentabilidade não seria um campo específico dos profissionais que lidam com as questões ambientais. Além de envolver agentes do Estado[1]; do mercado[2]; da Ciência & Tecnologia[3] e da mídia[4], o campo da Sustentabilidade também agregaria integrantes de religiões, de culturas tradicionais[5], de sociedades indígenas, de grupos sociais específicos (como catadores de papel) e do Terceiro Setor[6].
O principal fator agregador, ou seja, o amálgama entre esferas e personagens de tão díspares pertencimentos, consistiria a preocupação com o futuro comum da humanidade e a visão compartilhada de que a humanidade está sob ameaça. Essa ameaça à humanidade seria percebida de formas diferentes pelos diversos atores que compõem o campo da Sustentabilidade.
Uma primeira corrente, mais vulgar e sem respaldo científico, acreditaria que a crise ambiental põe em risco a integridade do Planeta. A segunda, também bastante difundida no senso comum e igualmente sem respaldo científico, entenderia que a crise ambiental coloca em risco a vida no Planeta Terra. A terceira corrente aponta que a espécie humana encontra-se em risco de extinção. A última corrente, por sua vez, entende que a crise ambiental degradará sensivelmente as condições de vida – dos homens e das demais espécies – no Planeta Terra[7].
Também são díspares as soluções à crise ambiental, potencial ameaça ao futuro da civilização, apresentadas pelos atores do Campo da Sustentabilidade. Nascimento classifica as soluções em três grandes grupos. O primeiro, representado por Solow, apregoa que a tecnologia encontrará soluções para as ameaças ambientais. Aqui, o Locus da mudança é a Economia e a Tecnologia. O segundo, representado por Georgescu-Roegen, Herman Daly, Illich e Serge Latouche, apregoa a necessidade de uma ruptura cultural e econômica (“decrescimento”). Aqui, o locus da mudança é a Cultura e a Ética. O terceiro, finalmente, atualmente hegemônico, representado por Gro Brundtland e Ignacy Sachs, aponta o desenvolvimento sustentável como ação de Estado. Aqui, o Locus da mudança é a política.
Conforme Nascimento, desde a década de 1970, a Sustentabilidade viria se constituindo como novo campo, caracterizado pela interdisciplinaridade e pela multidimensionalidade. Em outros termos, a Sustentabilidade não seria um campo específico dos profissionais que lidam com as questões ambientais. Além de envolver agentes do Estado[1]; do mercado[2]; da Ciência & Tecnologia[3] e da mídia[4], o campo da Sustentabilidade também agregaria integrantes de religiões, de culturas tradicionais[5], de sociedades indígenas, de grupos sociais específicos (como catadores de papel) e do Terceiro Setor[6].
O principal fator agregador, ou seja, o amálgama entre esferas e personagens de tão díspares pertencimentos, consistiria a preocupação com o futuro comum da humanidade e a visão compartilhada de que a humanidade está sob ameaça. Essa ameaça à humanidade seria percebida de formas diferentes pelos diversos atores que compõem o campo da Sustentabilidade.
Uma primeira corrente, mais vulgar e sem respaldo científico, acreditaria que a crise ambiental põe em risco a integridade do Planeta. A segunda, também bastante difundida no senso comum e igualmente sem respaldo científico, entenderia que a crise ambiental coloca em risco a vida no Planeta Terra. A terceira corrente aponta que a espécie humana encontra-se em risco de extinção. A última corrente, por sua vez, entende que a crise ambiental degradará sensivelmente as condições de vida – dos homens e das demais espécies – no Planeta Terra[7].
Também são díspares as soluções à crise ambiental, potencial ameaça ao futuro da civilização, apresentadas pelos atores do Campo da Sustentabilidade. Nascimento classifica as soluções em três grandes grupos. O primeiro, representado por Solow, apregoa que a tecnologia encontrará soluções para as ameaças ambientais. Aqui, o Locus da mudança é a Economia e a Tecnologia. O segundo, representado por Georgescu-Roegen, Herman Daly, Illich e Serge Latouche, apregoa a necessidade de uma ruptura cultural e econômica (“decrescimento”). Aqui, o locus da mudança é a Cultura e a Ética. O terceiro, finalmente, atualmente hegemônico, representado por Gro Brundtland e Ignacy Sachs, aponta o desenvolvimento sustentável como ação de Estado. Aqui, o Locus da mudança é a política.
Minhas Observações
A contribuição de Bourdieu, isto é, a elaboração do conceito de “Campo”, também envolvia os conceitos de: 1) “Ethos”, ou seja, dos valores que movem os atores sociais dentro do campo; 2) Capital, ou seja, recursos (materiais ou simbólicos) que conferem destaque aos atores que os possuem. Desse modo, se o argumento de Nascimento está correto, cabe investigar se existe um ethos particular aos atores do campo da sustentabilidade e o que seria o capital no campo da sustentabilidade.
Quanto ao ethos, Nascimento alega que os atores envolvidos no campo da Sustentabilidade partilhariam da preocupação com o futuro comum da humanidade e da visão de que a humanidade está sob ameaça. Pergunto: pertencem ao campo da sustentabilidade os cientistas que transformam o futuro da humanidade em objeto de estudo e que concluem pela impertinência dessas preocupações ou visões “alarmistas”? Se pertencem, qual seria o ethos comum aos atores desse novo campo?
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A contribuição de Bourdieu, isto é, a elaboração do conceito de “Campo”, também envolvia os conceitos de: 1) “Ethos”, ou seja, dos valores que movem os atores sociais dentro do campo; 2) Capital, ou seja, recursos (materiais ou simbólicos) que conferem destaque aos atores que os possuem. Desse modo, se o argumento de Nascimento está correto, cabe investigar se existe um ethos particular aos atores do campo da sustentabilidade e o que seria o capital no campo da sustentabilidade.
Quanto ao ethos, Nascimento alega que os atores envolvidos no campo da Sustentabilidade partilhariam da preocupação com o futuro comum da humanidade e da visão de que a humanidade está sob ameaça. Pergunto: pertencem ao campo da sustentabilidade os cientistas que transformam o futuro da humanidade em objeto de estudo e que concluem pela impertinência dessas preocupações ou visões “alarmistas”? Se pertencem, qual seria o ethos comum aos atores desse novo campo?
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[1] Estados Nacionais, Organismos Multilaterais e arranjos governamentais.
[2] Empresas e empresários.
[3] Universidades, Institutos de Pesquisa, Revistas, Congressos, pesquisadores e cientistas.
[4] Redes sociais, veículos e empresas de comunicação, editoras.
[5] Quilombolas, ribeirinhos, pequenos agricultores.
[6] Organizações não governamentais, Fórum Social Mundial.
[7] Os cientistas se dividem entre a terceira e a quarta correntes.
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