Centro Universitário de Brasília - Uniceub
Faculdade de Direito
Pós Graduação em Direitos Sociais, Ambiental e do Consumidor
Monografia Final
Discente: Juliana Capra Maia
Esquema de leitura
Texto: BEYL, Caula A. Rachel Carson, Silent Spring, and the environmental movement. HortTechnology, v. 2, n. 2, p. 272-275, 1992. Disponível no link: http://horttech.ashspublications.org/content/2/2/272.full.pdf
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** Primavera Silenciosa foi escrito em uma linguagem simples, fácil e bonita. Beneficiou-se:
- Do respeito que Rachel Carson já possuía como cientista e escritora.
- Da revelação dos efeitos teratogênicos da talidomida, um tranquilizante.
- Do estilo da prosa de Rachel Carson que, hábil escritora, conseguiu apresentar dados científicos a respeito de pesticidas de forma compreensível, acessível. Trata-se de um feito que poucos cientistas já conseguiram alcançar.
Rachel Carson. A mulher.
** O exame da biografia de Rachel Carson dificilmente indicaria que ela encamparia uma cruzada contra a indústria química.
- Era uma menina reservada, solitária, oriunda de uma pequena cidade do interior da Pensilvânia (Springdale).
- Desde os 11 anos de idade, nutria o desejo de ser escritora.
- Na Faculdade, alterou a sua opção, de Língua Inglesa para Biologia, tendo sido alertada que "não havia futuro para as mulheres nas ciências, à exceção da docência para o ensino médio ou em faculdades obscuras" (Gartner, 1983) e que "as ciências eram um campo muito árido para as mulheres" (Hynes, 1989).
- Mestrado na Universidade Johns Hopkins, 1932. Título da tese: “The Development of the Pronephros During the Embryonic and Early Larval Life of the Catfish (Inctalurus puncfatus)”.
- Vida profissional após a conclusão do mestrado: Bureau of Fisheries; Fish and Wildlife Service.
** Começou a escrever seus livros quando ainda era servidora pública do Fish and Wildlife Service >>>
- Under the Sea Wind, 1941. Recebeu avaliações favoráveis da comunidade científica. Entretanto, suas vendas foram fracas. O público estava mais preocupado com as consequências de Pearl Harbor. Os royalties de Rachel Carson chegaram a apenas US$ 1000 (Brooks, 1972).
- The Sea Around Us, 1951. Best Seller. Vendia mais de 4 mil cópias por dia em Dezembro de 1951. Nesse livro, Carson fez a experiência de publicar capítulos selecionados em revistas de grande circulação, antes da publicação do livro propriamente dito. A estratégia mostrou-se um sucesso. Permitiu que ela se aposentasse do Fish and Wildlife Service em 1952.
- The Edge of the Sea, 1955. Também vendeu bem. Garantiu a independência financeira de Rachel Carson.
Thus, when Silent Spring appeared, she was not only a well-known “scientist cum author,” but she had the necessary financial foundation and lack of constraints imposed by government or university ties to write with an extraordinary sense of freedom. Pp. 272.
** Silent Spring representou uma completa mudança de direção para Rachel Carson. Ela decidiu, com certa relutância, aceitar o fardo de escrevê-lo.
- Em 1958, Carson recebeu uma carta de Olga Huckins, descrevendo uma enorme devastação, provocada por pulverização de DDT e óleo diesel (para controle de mosquitos), no seu santuário de fauna em Cape Cod. Huckins pediu a Carson o contato de alguém em Washington. Carson, não conseguindo resolver a questão por intermediários, entendeu que precisava resolvê-la pessoalmente.
- Silent Spring demorou 4 anos e meio para ser escrito. E saiu em meio a diversas crises pessoais de Rachel Carson: adoção de um sobrinho, crises de úlcera, crises de artrite, infecções por staphylococcus e, ao final, câncer.
- A publicidade ao redor do DDT era muito forte. Tratava-se de um produto barato e de fácil fabricação. Não era considerado uma ameaça à saúde humana, desde que utilizado com parcimônia. Em outros termos, escrever sobre o DDT era declarar uma guerra.
** Silent Spring inicialmente apareceu como um artigo dividido em 3 partes, na revista New Yorker, nos dias 16, 23 e 30/06/1962. Choveram opiniões favoráveis e contrárias e, mesmo antes da publicação do livro, a editora foi ameaçada com ações judiciais.
Primavera Silenciosa: ação e reação
** Silent Spring foi um best seller instantâneo. Na New Yorker, houve mais de 50 editoriais a respeito do tema e publicações em mais de 20 colunas.
- O livro possui 54 páginas de referências. Rachel Carson, uma cientista treinada, fez questão que o livro fosse "inabalável".
** Reações >>>
- Atenção aos atributos pessoais da autora. Qualificada como histérica e solteirona.
- Edwin Diamond. Saturday Evening Post. Referência: Diamond, E. 1963. The myth of the “pesticide menace.” Saturday Evening Post 28 Sept., 236:16,18. 1963.
a) “Thanks to a emotional, alarmist book called ‘Silent Spring,’ Americans mistakenly believe their world is being poisoned”.
b) “...what I interpret as bias and oversimplification may be just what it takes to write a best seller”.
c) “Nor has anyone, with the possible exception of Miss Carson, proposed to abolish pesticides”.
- “On the whole, her book will come to be regarded in time as a gross distortion of the actual facts, essentially unsupported by either scientific experimental evidence or practical experience in the field”. White-Stevens at the Synthetic Organic Chemical Manufacturer’s, 1962. Referência: Van Fleet, C.C. 1963. Silent Spring on the Pacific Slope. A postscript to Rachel Carson. Atlantic Monthly 212:81-84.
- She tries to scare the living daylights out of us and, in large measure, succeeds”. New York Times. 1962. Silent spring is now noisy summer. New York Times, 22 July.
- A Revista The Economist acusou Rachel Carson de fazer um jogo de propaganda com as estatísticas de câncer para concluir por uma "alarmante" epidemia de câncer. Referência: Economist. 1962. Review of Silent Spring. Economist (London) 20 Oct., p. 248-251.
Personal attacks were made on the author in an attempt to counter and diffuse the enormously persuasive case that she had built. She was labeled a “bird lover,” “cat lover,” “fish lover,” “nun of nature,” and “priestess of nature” (Graham, 1970). She was accused of “worrying about the death of cats but not caring about the 10,000 people who die daily from malnutrition and starvation in the world” (Diamond, 1963). Pp. 273
** Argumentos pró-pesticidas >>>
- Sprays químicos tornaram possível grandes excedentes de commodities agrícolas.
- Pesticidas químicos têm sido utilizados como instrumento para eliminar diversas doenças, cujos vetores são insetos.
- Se os pesticidas rompem o "equilíbrio natural", eles o fazem a favor do homem.
- Pesticidas são seguros desde que utilizados adequadamente.
** As críticas a Primavera Silenciosa normalmente não são justas. Não costumam representar fielmente os argumentos invocados pela autora em seu livro. "Falácia do Espantalho".
Her feelings concerning pesticide use are best summarized on page 12 of Silent Spring. “It is not my contention that chemical insecticides must never be used. I do contend that we have put poisonous and biologically potent chemicals indiscriminately into the hands of persons largely or wholly ignorant of their potential for harm.“. In Audubon magazine she wrote, “We do not ask that all chemicals be abandoned. We ask moderation. We ask the use of other methods less harmful to our environment” (Carson, 1963). Countering claims that she was advocating a back-to-nature philosophy, she said, “We must have insect control. I do not favor turning nature over to insects. I favor the sparing, selective and intelligent use of chemicals. It is the indiscriminate, blanket spraying that I oppose” (Frisch, 1964). Two weeks after her death this was reemphasized in the New Yorker “She was not a fanatic or a cultist. She was not against chemicals, per se. She was against the indiscriminate use of strong, enduring poisons capable of subtle, long-term damage to plants, animals, and man” (1964). Pp. 274.
** Argumentos de Carson, acerca dos pesticidas >>>
- Os homens fazem parte da cadeia da vida. Qualquer coisa que afeta a natureza, também os afetará.
- O propalado "uso seguro de substâncias químicas" desconsidera os efeitos sinérgicos e cumulativos dos poluentes.
- As pessoas têm direito de viver livres de um ambiente exponencialmente afetado por pesticidas, cujos efeitos de longo prazo são desconhecidos.
- Insetos desenvolvem resistência a pesticidas. Carson recomenda métodos menos agressivos de eliminá-los.
- Os "índices máximos permitidos pelo governo" transmitem a falsa impressão de que há segurança e controle sobre a poluição provocada pelos pesticidas.
- Os pesticidas no tempo de Rachel Carson não eram seletivos. Desse modo, ela denunciava que eles não faziam seleção entre as espécies funcionais (polinizadores, por exemplo) e as parasitárias da agricultura, sacrificando ambas categorias.
- Permitiu-se o uso de pesticidas com pouco ou nenhum estudo avançado acerca dos seus efeitos nos solos, nas águas, na vida selvagem e no próprio homem.
- Não se proclamava contrária ao uso de pesticidas, mas ao seu uso desregrado.
>>> Sob uma perspectiva contemporânea, é surpreendente saber que esses argumentos, bastante razoáveis, causaram reações tão agressivas da mídia, de políticos e de cientistas.
Impactos
** O Presidente J.F. Kennedy determinou a investigação da matéria dos pesticidas por um comitê.
** O relatório subscreveu as constatações de Rachel Carson. Criticou os programas federais de dedetização (direcionados à eliminação do besouro japonês, da formiga de fogo, entre outros insetos). Denunciou a possibilidade de um pesticida rejeitado pelo USDA (Departamento de Argicultura) permanecer em uso por 5 anos, sem autorização. Recomendou:
- Coordenação entre agências governamentais.
- Redução imediata do uso do DDT, com sua eventual eliminação a longo prazo.
- Apresentou preocupações a respeito dos efeitos persistentes dos pesticidas na natureza.
- Apresentou preocupações a respeito da inexistência de garantias para a saúde humana.
- O incremento das pesquisas acerca de controles específicos dos pesticidas.
- O incremento das pesquisas acerca dos seus efeitos crônicos e sinérgicos dos pesticidas.
- O incremento das pesquisas acerca da potencialização da toxidade dos pesticidas se combinados com drogas comumente utilizadas pela população.
** O livro de Carson foi citado na Câmara dos Lords, no Reino Unido, resultando em controle no uso do aldrin, dieldrin e heptachlor.
** Silent Spring foi publicado na França, na Alemanha, na Itália, na Dinamarca, na Suécia, na Noruega, na Finlândia, na Holanda, na Espanha, no Brasil, no Japão, na Islândia, em Portugal e Israel, influenciando a legislação ambiental em todos esses países.
** Em 1970, foi criada a EPA (Environmental Protection Agency), com a finalidade de proteger o meio ambiente nos EUA.
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